A tragédia da morte de Diogo Jota

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Diogo Jota: baixo e franzino, sim, mas craque. Source: PA / Mike Egerton/AP

Portugal foi abalado por uma daquelas fatalidades para as quais ninguém se prepara. Muito menos Rute Cardoso, a mulher que casou com Diogo Jota, no domingo, 22 de junho, no Porto, e enviuvou dez dias depois.


Nesta quinta-feira 3 de julho todas as televisões e rádios tinham tudo preparado ara uma grande operação especial para o começo do que parece ser o julgamento do século, com um antigo primeiro-ministro, José Sócrates, maioria absoluta em 2005, agora no banco dos réus acusado de corrupção.

Mas a história do julgamento ficou quase desprezada neste dia.

Portugal foi abalado por uma daquelas fatalidades para as quais ninguém se prepara.

Muito menos Rute Cardoso, a mulher que casou com Diogo Jota, no domingo, 22 de junho, no Porto, e enviuvou dez dias depois. Eram recém-casados, mas a sua história era longa, com três filhos em comum.

Uma daquelas histórias que começa numa escola secundária como por acaso e cresce contra todas as probabilidades, e sobretudo contra os caprichos da adolescência.

Diogo Jota e Rute Cardoso conheceram-se como colegas de turma numa escola secundária em Gondomar, uma pequena cidade de 25 mil habitantes no norte do país. Rute tinha chegado recentemente de outra cidade e juntou-se à turma de Diogo, um daqueles alunos capazes de obter resultados ótimos com pouco esforço.

Enamoraram-se, tiveram 3 filhos, todos nascidos nos últimos quatro anos, tinham casado agora.

À meio da noite, Rute foi acordada com a terrível notícia. O corpo do marido estava carbonizado após um trágico desastre de automóvel.

Ele tinha saído de carro, de casa, no Porto, em direção a Liverpool, onde ia começar a nova temporada.

De carro porque os médicos desaconselharam-lhe as viagens de avião devido a uma operação recente aos pulmões.

A viagem tinha como primeira etapa o percurso em auto-estrada entre a cidade do Porto e a cidade portuária de Santander, em Espanha.

Santander era o ponto de partida para a segunda etapa, apanhar um ferry para a Inglaterra. Diogo viajava num Lamborghini que se despistou e incendiu de imediato ao quilómetro 65 da autoestrada A-52, perto do município de Cernadilla, em Zamora, por volta das 00h30.

O carro pegou fogo após o rebentamento de um pneu traseiro com o impacto, e os seus dois ocupantes morreram nas chamas, que se propagaram para o terreno adjacente à estrada e obrigaram à intervenção dos bombeiros.

Fontes da Guarda Civil apontam para o possível excesso de velocidade do veículo de luxo em que seguia Diogo Jota e o irmão durante uma ultrapassagem num troço da autoestrada com uma velocidade máxima de 120 quilómetros por hora.

Como consequência desta elevada velocidade no asfalto irregular, rebentou um pneu traseiro; isto provocou a perda de controlo do veículo e o carro acabou por "explodir", indicam as mesmas fontes. O carro, que ficou completamente destruído, era um Lamborghini Huracán com tração traseira que o jogador tinha alugado.

Diogo passou de clubes portugueses de futebol para a primeira Liga inglesa, primeiro no Wolverhampton, até agora no Liverpool. E na seleção de Portugal.

Baixo e franzino, sim, mas craque, Tudo ficava para trás quando Diogo pegava na bola.

Foi assim dos sete aos 16 em Gondomar, em que era, essencialmente, um médio ofensivo com muito golo nos pés. Enquanto esteve no clube da terra, teve olheiros do Benfica a observá-lo, foi fazer testes ao Sporting de Braga, e conta-se que o FC Porto também o tinha referenciado, mas não passou disto.

Diziam que não tinha perfil físico de futebolista, como se, para ser jogador, fosse preciso ser alto e forte – alguns precisam, outros, não. Jota, claramente, não precisava, mas havia uma característica do seu corpo que passaria a usar como arma: a velocidade.

No “Dragão”, com Nuno Espírito Santo, teve o protagonismo que precisava para continuar a subir, mas não houve continuidade – os portistas fizeram uma época abaixo das expectativas e também não nadavam em dinheiro.

Por isso, não ficaram com Jota, que, para manter o registo dos passos e dos saltos, deu um passo atrás para poder dar dois em frente. Tal como muitos outros do universo Gestifute, juntou-se ao “circo” português do Wolverhampton na segunda divisão inglesa, foi campeão e chegou à Premier League.

Mais duas épocas recheadas na Premier League (26 golos e dez assistências) e estreia na selecção nacional com Fernando Santos, e Jota subiu vários patamares de uma só vez: o Liverpool, acabado de se sagrar campeão e com uma tripla atacante que parecia inquebrável (Salah, Firmino e Mané), abriu espaço e a carteira (44 milhões) por Diogo Jota, que depresse se tornou ídolo dos fans.

Agora, todos estão consternados com o trágico destino do Diogo.

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