Muitos brasileiros que vêm para a Austrália têm o sonho de abrir o próprio negócio no país. O chef Leandro Gomes, de 40 anos, é um deles.
Mas na contramão da maior, Leandro resolveu evitar o caminho mais trilhado pelos muitos brasileiros que chegam aqui, e ao invés de ir para a ensolarada Gold Coast, a icônica Sydney ou a bela Perth, Leandro apostou em Melbourne, considerada a capital gastronômica da Austrália.
Além de Melbourne, Leandro escolheu o sushi, um dos pratos mais queridos e populares no país que tem forte influência asiática, para atender ao exigente paladar dos australianos e brasileiros que se tornam em pouco tempo, 'Melbournians' quando o assunto é comida.
Natural de Ubatuba, no litoral de São Paulo, Leandro desembarcou em Melbourne em junho de 2017, começou como chef de um restaurante japonês badalado da cidade, e em 2023 decidiu abrir o próprio negócio e levar a essência do sushi brasileiro para as ruas de Melbourne.
"Para os australianos, foi uma novidade gigante. Estão aceitando muito bem o Sushi brasileiro," diz Leandro Gomes.
Mas que é o 'fusion sushi'?
A proposta, explica Leandro, é uma fusão entre técnicas japonesas e ingredientes mais inusitados e claro, que caiu no gosto popular brasileiro.
“A gente chama fusion sushi, né? Ele é diferente do sushi japonês. No Brasil, a gente usa mais cream cheese, diferentes molhos. Eu faço o molho tarê. Ele é bem conhecido no Brasil, um agridoce. Tem uns molhos picantes que a gente usa pimenta, usa tabasco, a gente usa bastante cebolinha e umas maioneses temperadas.”
Esse equilíbrio entre tradição e ousadia é a marca registrada do trabalho de Leandro.
“A gente consegue equilibrar fazendo os dois, né? Tem os cortes de sashimi, que você não precisa fritar, não precisa colocar nenhum tipo de molho, nada, só shoyu mesmo. A gente consegue variar com essa fusão, que você coloca uns molhos diferentes. Consegue também fazer os tradicionais, e criar.”
Chef Leandro Gomes oferece sushi brasileiro ao comptraiota e bicampeão mundial de surf Filipe Toledo, em visita à Austrália.
Ingredientes, sabores e clientela
Leandro diz que usa em Melbourne praticamente os mesmos ingredientes que usava no Brasil.
"Eu consigo encontrar os mesmos produtos que eu usaria no Brasil. Consigo dar saborzinho brasileiro para o sushi”, brinca.
Entre os destaques, está o hot roll, considerado o carro-chefe do cardápio.
“O hot roll é o salmão, alga com arroz, creme de cebolinha, enrolo ele e coloco na massa de tempurá e depois na farinha panko, frito e cubro com molho tarê. Engraçado que no Brasil, esse hot roll é 90% o mais bem vendido e aqui na Austrália foi muito bem aceito também pelos australianos, pelos japoneses, outras descendências. Os brasileiros amam também aqui.”
“Os australianos olham pra mim e falam ‘que demais, que gostoso’. Recomendam pra amigos de amigos. No Google Review, eu tenho 4.9 Star, então eles ajudam também ali com o Good Reviews”, celebra.
Do sonho ao food truck
“Abrir o food truck do sushi em dezembro de 2023. Desde lá, só vem aumentando, aumentando, aumentando as minhas vendas”, afirma.
O food truck, avaliado em quase AU80 mil dólares, foi um investimento planejado. “Esse food truck, ele foi elaborado pra sushi. É uma cozinha bem completa. Com esses dois anos eu trabalhando sim, eu recuperei o dinheiro.”
Leandro no food truck do sushi: restuanrante sobre rodas com mesas e cadeiras, também atende encomendas, faz vendas no local e oferece takeaway.
“Eu acho que a Austrália tem portas abertas para todo mundo. Então, se você tem skill, se você tem uma profissão, se você é bom naquilo que você faz, se você tem a coragem e vai para cima. No começo é difícil, qualquer lugar que você estiver, mas com perseverança e com calma, no final dá tudo certo. Então, só vai.”
O sushi que une culturas
Para o chef, o sushi brasileiro é mais que um prato: é uma ponte entre culturas. “Eu acho que abrir o meu próprio negócio, abrir meu restaurante, esse seria o conselho que eu daria pro Leandro que chegou aqui em 2017”, reflete.
E entre preferências pessoais, ele não hesita: “Cream cheese”, revela sobre o ingrediente indispensável. Prefere “Temaki” ao "Nigiri". O salmão é o fruto do mar mais brasileiro, enquanto o kingfish, chamado olhete no Brasil, é o seu favorito. E uma trilha sonora para acompanhar o ritmo intenso da cozinha? “Housebells do AC/DC”.
Leandro: "O sushi brasileiro é mais que um prato: é uma ponte entre culturas“
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