Esta é uma memória aqui avivada por Pedro Pires, Comandante, estratego e um dos líderes do PAIGC, o partido que juntava Guiné e Cabo Verde no combate pela independência.
Foi uma proclamação unilateral, em 24 de setembro de 73, depois de meses em que o povo do território que o PAIGC considerava libertado elegeu delegados a essa assembleia.
Esta proclamação é conhecida como a de Madina do Boé, mas o lugar, de facto foi outro.
Como atesta um líder protagonista, Pedro Pires (que viria ser, por 10 anos, presidente da República de Cabo Verde).
Avançou imediatamente o reconhecimento internacional do estado soberano da Guiné-Bissau, embora a capital e outras cidades continuassem sob administração militar portuguesa.
Naquele tempo, 1973, Spinola, o mais lendário dos comandantes militares portugueses,
já tinha percebido que a guerra estava perdida.
O PAIGC que tinha começado a guerra de libertação 10 anos antes (63) como guerrilha.
Então, em 73, já era um exército com armamento pesado, controlava os céus com misseis anti-aéreos e usava os meios de sempre as minas e as emboscadas.
A memória da primeira emboscada. Logo na primeira saída ao mato na Guiné – é um inferno.
As minas colocadas por todo o terreno, prontas para explodir, eram realidade devastadora.
Tudo traduzido em palavras ásperas na resposta à pergunta “O que é uma emboscada” feita a um militar que esteve na guerra pela investigadora Margarida Calafate Ribeiro.
O trauma dos militares que fizeram a guerra
O então brigadeiro Spínola desembarcou na Guiné em 68. O comandante militar chegou (com a gente dele) convencido de que poderia ganhar aquela guerra. Mas a realidade militar apontou para um fracasso da operação Mar Verde, o assassinato de Amílcar Cabral, arecusa de Caetano à via diplomática.
Tudo acumulado levou Spínola à renuncia. Naquele ano de 1973, antes ainda da proclamação unilateral em Lugadjol, da independência da Guiné Bissau.
Para ouvir áudios históricos e o evento relembrado em detalhes pelo jornalista Francisco Sena Santos, clique no botão ‘play’ que abre essa reportagem.
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