Amberley Harris, especialista em obstetrícia e amamentação em Melbourne, lançou uma campanha de crowdfunding para financiar seu próximo documentário sobre o bem-sucedido modelo brasileiro de bancos de leite materno. “Quero visitar a extensa rede de bancos de leite do país, aprender como funciona e duplicar o sucesso do Brasil na Austrália”, ela diz à SBS em português. A entrevista é em inglês.
Relativamente raro na Austrália, doar leite materno é comum no Brasil, onde a rede de bancos funciona da mesma maneira que os bancos de sangue. O leite é testado, classificado e armazenado para alimentar bebês prematuros em unidades neonatais e de cuidados intensivos.
Na Austrália, os bancos de leite são ligados aos hospitais, para attender bebês muito doentes ou prematuros (também é possível obter o leite materno do doador informalmente, através de redes sociais). No Brasil, a disponibilidade de bancos de leite humano é ampla e generalizada e as mulheres podem acessá-lo gratuitamente em um dos muitos bancos de leite humano espalhados pelo país.
“O motivo da minha viagem ao Brasil é o fato de que 220 dos 292 bancos de leite materno do mundo estão no Brasil. O país também aumentou suas taxas de amamentação de 2% em 1986 para 39% em 2006. O Brasil é um país de destaque mundial nas medidas adotadas para aumentar as taxas de amamentação e está salvando vidas”, diz Amberley Harris, 36 anos.
"O Brasil pode nos ensinar", diz ela.
A criação do modelo brasileiro de bancos de leite foi uma resposta às altas taxas de mortalidade infantil no país e seguiu uma tendência mundial de reduzir esses índices com medidas voltadas para a amamentação.

Amberley Harris is passionate about the value of breastfeeding infants and hopes Australia can take a leaf out of Brazil's book Source: Supplied
No final dos anos 90, a rede brasileira de bancos de leite humano ganhou um prêmio de boas práticas da Organização Mundial da Saúde. Com o resultado, o Brasil ganhou visibilidade e outros governos começaram a se interessar por esse modelo. O país é comumente visitado por médicos de todo o mundo para aprender como funciona o extenso sistema de bancos de leite do país e replicar o sucesso do Brasil em seus países.
“Quero ouvir das brasileiras sobre o porquê é importante compartilhar leite e por que é importante receber leite. Eu quero melhorar as estatísticas de amamentação na Austrália. É tão difícil para as mulheres amamentarem na Austrália, eu quero mudar isso para as mulheres que querem amamentar. A indústria da fórmula continua a aumentar, mas não as taxas de amamentação entre as mulheres ”, disse Amberley.