No ano em que comemora 15 anos de Austrália e 25 anos fora do Brasil, a cantora e compositora brasileira, Juliana Areias, não poderia estar mais feliz e orgulhosa de tudo o que conquistou em Down Under.
Para festejar "em grande" o culminar da sua carreira mas também a sua caminhada de emigrante brasileira, Juliana Areias acaba de ganhar o seu Global Talent Visa - subclasse 858.
De notar que o Talent Visa não é para todos. Trata-se de um visto permanente para pessoas que têm um histórico reconhecido internacionalmente de realizações excepcionais, que se destacam num campo elegível das artes, do desporto, da academia, da investigação ou numa profissão que exija habilidades extraordinárias.
Juliana conseguiu ver reconhecido o seu mérito no universo das artes, mais especificamente na música brasileira de uma forma geral, em particular na Bossa Nova.
Mas alcançar este estatuto no mundo da música, ao ponto de ganhar o Talent Visa não foi fácil. Nem um pouco, aliás.
Ainda estou entendendo o que isto tudo significa. Mas estou muito feliz porque este visto tem um valor simbólico muito grande de reconhecimento de um trabalho artístico, de uma jornada de 25 anos de carreira.Começa por nos confessar Juliana Areias, ainda emocionada
Foi no final de fevereiro de 2020, pouco antes de entrar no avião para Singapura onde tinha mais um dos seus shows agendados, que Juliana correu com o seu parceiro, Geoffrey Drake-Brockman, e os seus filhos, Jobim e Lilás, aos Correios para enviar a sua aplicação ao visto, "um autêntico livro com mais de 400 páginas, entre cartas de apoio, artigos de jornais e revistas, e posters de concertos".
Para provar que era merecedora desta conquista excepcional no campo da Bossa Nova e da Música Brasileira local, nacional e internacionalmente, Juliana teve muito apoio de gente e instituições que fazem toda a diferença.
Juliana foi apoiada pelos maiores e mais influentes no mundo da Bossa Nova e do Jazz: APRA AMCOS , WAM, diplomatas brasileiros, produtores musicais, académicos e os principais especialistas e músicos do jazz brasileiro na Austrália, Brasil, EUA, Europa e Japão - que fizeram questão de reconhecer o seu trabalho como relevante no movimento do jazz e da Bossa Nova contemporâneos do Brasil.
Acima de tudo, Juliana teve ao seu lado ícones da Bossa Nova tais como Roberto Menescal, considerado um dos "pais da Bossa Nova", e o famoso jornalista brasileiro, Ruy Castro, que apelidou Juliana Areias de "Bossa Nova Baby" quando ela ainda era uma adolescente.
No final, com o apoio de todos, Juliana conseguiu o seu objectivo, o qual dedica principalmente aos seus filhos e a todas as mulheres que decidem agarrar a sua vida pelas suas próprias mãos.
O processo de aplicação para este Talent Visa tem um valor enorme de família. Estou orgulhosa de estar passando para os meus filhos a residência permanente pelo talento artístico da mãe deles. E ainda por cima sem a ajuda de nenhum agente de imigração. O mundo ainda está a despertar para o papel das mulheres na sociedade e se não formos nós a mostrar o nosso reconhecimento pelo nosso trabalho, ninguém fará isso por nós.Disse a cantora de Bossa Nova, realçando que correr atrás de um visto de residência na Austrália está ao alcance de qualquer mulher que decida tratar do processo sozinha
Enquanto aguardava o resultado da sua aplicação ao Talent Visa e a “normalidade” pós-Covid ser restabelecida, Juliana continuou a trabalhar em Perth, respeitando as fronteiras fechadas mas nunca desistindo de fazer o que mais ama: cantar.
Durante este período de mais de 2 anos de pandemia, Juliana apresentou 12 concertos temáticos diferentes no The Ellington Jazz Club, e cantou e encantou inúmeras vezes ao ar livre, com o Sunset Songs em North Cottesloe Beach e no Scarborough Beach Amphitheatre.
E como se tanta atividade não bastasse só por si, a cantora brasileira participou no Perth Festival, no âmbito da entrega do prémio Western Australian of The Year junto com a orquestra sinfónica de Perth, bem como no The Perth Concert Hall juntamente com a orquestra filarmónica WACO.
Toda esta energia e qualidade que Juliana revela em todos os momentos da sua vida, são a prova de como a aplicação ao Talent Visa só poderia resultar bem no final.
O amigo Roberto Menescal, recebendo Juliana Areias e a sua família: filha Lilás, filho Jobim e o seu companheiro Geoffrey Drake-Brockman, durante a tournée de lançamento do álbum Juliana Areias - Bossa Nova Baby no Rio de Janeiro em 2016. Roberto Menescal é um dos criadores da Bossa Nova e foi uma das pessoas mais importantes no processo do Global Distintigued Talent de Juliana Areias.
Vocês podem imaginar a alegria que senti quando recebi a notícia da aprovação do visto. Isto é monumental para mim, não apenas porque beneficia a minha carreira como compositora e cantora, mas também porque representa um símbolo muito forte de aceitação e pertencimento - este talent Visa significa que a Austrália valoriza a minha contribuição para as artes e diversidade cultural.Acrescentou Juliana
Mais importante do que tudo, esta vitória burocrática de Juliana também é um grande ensinamento para os seus filhos.

Os filhos Jobim e Lilás e o seu amor, o artista plástico cibernético australiano, Geoffrey Drake-Brockman, celebram com Juliana a conquista do Global Distinguished Talent, no Indigo Oscar, em jeito de cartão postal da Praia de Cottesloe, em Perth, onde vivem.
Eu poderia ter escolhido aplicar para outro visto mas nenhuma outra opção me pareceu mais romântica e relevante. Prefiro dar aos meus filhos um exemplo baseado no meu trabalho artístico e realizações pessoais.Acrescentou a cantora orgulha.
Claro, o amor, o incentivo e o apoio de Geoffrey, o seu companheiro, também foram fundamentais em todo esta caminhada, tal como Juliana fez questão de realçar.

Juliana Areias e a sua banda, "The Bossa Nova Babies", no Ellington Jazz Club, em Perth, local onde são músicos permanentes desde 2010. Na foto, a formação atual da banda com o jovem violonista de 7 cordas Joshua de Silva (nascido no Srilanka), baterista Bronton Ainsworth (australiano), cantora e compositora Juliana Areias (brasileira), percussionista Rafael Medeiros de Souza (brasileiro) e saxofonista e flautista Paul Millard (australiano).
Melhor: não perca a música que Juliana Areias cantou só para nós - equipa e comunidade da SBS em Português - bem no final da entrevista.
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