Luís Montenegro, o primeiro-ministro que em maio viu confirmada a chefia do governo de Portugal à frente da coligação de centro-direita AD, está agora a fazer da extrema-direita o seu parceiro preferencial para chegar a acordos sobre políticas de imigração e nacionalidade.
O acordo firmado entre o governo AD e o Chega reforça os requisitos quer para a entrada no país, quer para o reagrupamento familiar, embora essas alterações tenham ainda de ser avaliadas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para garantir a sua constitucionalidade.
Esse entendimento à direita com fundo nacionalista foi também conseguido relativamente à reforma da lei da nacionalidade, que será debatida na Assembleia da República em setembro, e à criação de um Serviço de Estrangeiros e Fronteiras no seio da Polícia de Segurança Pública.
O pacto com a extrema-direita dominou grande parte do debate sobre o Estado da Nação, realizado este 17 de julho na Assembleia da República, apesar das tentativas do Primeiro-Ministro para o concentrar noutros anúncios, como o pagamento de um bónus entre 100 e 200 euros aos mais de 2,3 milhões de pensionistas que recebem mensalmente menos de 1.567 euros.
O novo líder do partido socialista, José Luís Carneiro, enfatizou a critica e perplexidade:
"Os democratas deste país estão perplexos com a vossa mudança, o Primeiro-Ministro quer atirar o seu governo para os braços da extrema-direita. Não nos habituaremos à violência e ao ódio que se espalham pela sociedade", advertiuu.
Na sua resposta, o Primeiro-Ministro lembrou que "a aritmética parlamentar é a escolha dos portugueses" e recomendou aos socialistas, que se tornaram a terceira maior força parlamentar atrás da extrema-direita, "humildade para saberem viver nesta era política".