Nascido em Melbourne, Montemurro volta a sua terra natal após uma década vitoriosa na Europa. Ele passou por Arsenal, Juventus e, mais recentemente, pelo Lyon, onde conquistou o título francês dessa temporada e levou a equipe à semifinal da Liga dos Campeões.
Sua contratação vinha sendo especulada há meses, e a Football Australia optou por aguardar o fim da temporada europeia para confirmar o nome — uma espera parecida com a novela vivida pelo Brasil em torno de Carlo Ancelotti.
O novo técnico chega para substituir Tony Gustavsson, sueco que deixou o comando após três anos à frente das Matildas. Desde então, o veterano Tom Sermanni foi nomeado como treinador interino, cargo que ocupou sem saber por quanto tempo, em meio à longa espera pela definição de um novo nome permanente.
A indefinição durou dez meses, gerando preocupação sobre o tempo disponível para montar uma equipe competitiva visando a Copa da Ásia de 2026, que será disputada em solo australiano, e o ciclo para a Copa de 27.
A expectativa agora é que novos amistosos sejam marcados para as datas FIFA de outubro e novembro, dando ritmo ao novo ciclo.
Mas o desafio de Montemurro vai além da montagem tática. As Matildas vivem um momento de renovação.
Figuras que brilharam na Copa do Mundo de 2023 — como Emily van Egmond, Caitlin Foord, Alanna Kennedy, Tameka Yallop e Steph Catley — seguem no grupo, mas já entram na reta final de suas carreiras.
Paralelamente, o elenco começa a ser pressionado por jovens talentos em ascensão, que pedem passagem e exigem espaço no time titular.
O cenário é ainda mais delicado com as lesões de duas das principais estrelas: Sam Kerr, que se recupera de cirurgia no joelho, aos poucos retornando aos gramados; e Mary Fowler, jovem promessa da seleção, enfrenta uma reabilitação mais longa, sem previsão de retorno.
Ambas sofreram lesões de ligamento de joelho. A ausência dessas duas referências ofensivas reforça a necessidade de adaptação rápida e aposta em novas lideranças.
Por outro lado, Joe Montemurro chega com um currículo invejável e experiência de sobra em lidar com elencos multiculturais e em transição. Em sua trajetória, conquistou títulos importantes como:
- Women’s Super League (Arsenal)
- Serie A, Coppa Italia e Supercoppa Italiana (Juventus)
- Campeonato Francês (Lyon)
- Além do título invicto na W-League com o Melbourne City, em 2015/16
Seu currículo vitorioso é frequentemente comparado a Ange Postecoglou, campeão da Europa League com o Tottenham e ícone entre os treinadores australianos. Se Ange é o símbolo da excelência no masculino, Montemurro ocupa esse posto no futebol feminino.
A chegada de Joe também coincide com uma mudança importante nos bastidores da Football Australia. O CEO James Johnson anunciou recentemente sua saída para atuar no futebol canadense, em preparação para a Copa do Mundo de 2026.
Quem assume interinamente o cargo é Heather Garriock, ex-jogadora da seleção, membro do Hall da Fama do futebol australiano e administradora com ampla experiência. Ela faz parte do Comitê Técnico da Confederação Asiática e ocupava uma cadeira no conselho da Football Australia desde 2021.
Garriock conduzirá o processo de transição enquanto a entidade busca, no mercado local e internacional, um nome definitivo para a posição de CEO, que muito se especula, será ela própria.
A estreia de Joe Montemurro no comando das Matildas será já na próxima Data FIFA de junho, quando as australianas enfrentam a Eslovênia em dois amistosos, dias 26 e 29, em Perth. E a missão é clara: reconstruir, renovar e manter a Austrália entre as principais forças do futebol mundial.
A expectativa da torcida é por mais do que continuidade. O desejo agora é por protagonismo e títulos.
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