Margarethe Vestager, a liberal dinamarquesa que é vice-presidente da Comissão Europeia fez a última intervenção antes do encerramento de quatro dias de discussão na Web Summit, em Lisboa, sobre o impacto da tecnologia. E era uma das intervenções mais aguardadas, porque como expôs Paddy Cosgrave, o líder deste evento global, Verstager é uma das políticas mais relevantes no mundo na definição d normas justas para o futuro tecnoloógico, porque “o que está a tentar fazer é a nivelar o campo de jogo para todas as empresas, para que as mais pequenas não sejam prejudicadas.”
Vestager subiu ao palco principal da Web Summit para defender que as empresas tecnológicas devem cumprir regras e estar ao serviço das democracias – e para lembrar os riscos de deixar multinacionais como o Google, o Facebook ou a Apple com rédea solta.
“Podemos ter nova tecnologia, mas não temos novos valores. A dignidade, integridade, humanidade, igualdade – isso mantém-se”, afirmou Vestager, que será vice-presidente executiva com a pasta da Concorrência na Comissão Europeia dos próximos cinco anos e uma dirigente política que ganhou notoriedade nos últimos cinco anos por ter tido mão pesada com as multinacionais dos EUA.
Esta quarta edição da Web Summit em Lisboa foi encerrada pelo Presidente da República portuguesa, que sublinhou a dimensão política do evento. Numa intervenção em inglês, Marcelo Rebelo de Sousa, retomando a sua formação como professor, percorreu e analisou momentos marcantes das Web Summits que Lisboa acolheu nos últimos quatro anos.
O Presidente Marcelo afirmou que “num certo sentido, a Web Summit antecipou as mudanças-chave da revolução tecnológica”, e enumerou os temas que foram levados ao palco desde 2016: a privacidade, as mudanças climáticas, as guerras comerciais, a necessidade de multilateralismo político, o papel da Europa no mundo, as manipulações por parte de poderes políticos e económicos.
“Portugal mudou com a Web Summit e o mundo está a mudar com a Web Summit”, disse com entusiasmo o Presidente Marcelo. “Não temos problemas em abordar todos os temas, de forma livre.”
Estão agora a fechar os quatro dias da Web Summit de 2019, mais de 70 mil participantes de 168 países representados neste encontro em Lisboa. Falou-se daquilo que vai ser o futuro, fecharam-se negócios e casaram-se ideias inovadoras com o espírito empreendedor. Foi tratado o futuro que está a chegar.