
No Boletim de Ocorrência do dia do acidente, os policiais declararam que “apuravam irregularidades de cópias de documentos arrecadadas em posse do suposto estrangeiro DANIEL MARCOS PHILIPS, que figurou como vítima desta distrital, e informaram a unidade da INTERPOL do Rio de Janeiro que tais cópias não correspondem a documentos verdadeiros”. Source: AR/SBS Portuguese
Essa era até então a situação do australiano Christopher John Gott, condenado por pedofilia e foragido da Justiça australiana há 22 anos. Gott foi atropelado no calçadão da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no dia 18 de janeiro de 2018, junto com outras 17 pessoas. Neste acidente um bebê de oito meses morreu.
Desde a época do acidente a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro já desconfiava de Gott.
No Boletim de Ocorrência do dia do acidente, documento que a SBS Portuguese teve acesso com exclusividade, policiais da 12ª Delegacia de Polícia de Copacabana declararam que “apuravam irregularidades de cópias de documentos arrecadadas em posse do suposto estrangeiro DANIEL MARCOS PHILIPS, que figurou como vítima desta distrital, e informaram a unidade da INTERPOL do Rio de Janeiro que tais cópias não correspondem a documentos verdadeiros”.
No entanto, por portar documento falso, neste caso, o passaporte, a polícia indiciou Christopher John Gott pelo crime de falsidade ideológica.
A equipe de investigação da 12ª Delegacia de Polícia de Copacabana disse que o indiciamento ocorreu antes da morte do australiano.
Com a investigação encerrada, o Inquérito Policial foi encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro, que vai analisar o caso.
Com a morte de Gott, na última quinta-feira, 31 de maio, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro concluiu o inquérito policial, que estava sendo conduzido pela equipe de investigação da 12ª Delegacia de Polícia de Copacabana.
Ao longo de quatro meses os investigadores fizeram diligências e ouviram pessoas que mantiveram algum tipo de contato com o australiano, tais como seus ex-alunos (Gott deu aulas de inglês para executivos), os filhos adotivos (Gott adotou três meninos, mas não de forma legal), vizinhos e funcionários do prédio onde ele morou, no bairro de Copacabana.
Segundo a polícia, ninguém relatou qualquer tipo de denúncia ou crime sexual contra ele.
Assim, os investigadores concluíram que, até agora, não há indícios/relatos de que ele tenha cometido abusos no tempo em que viveu no Estado do Rio de Janeiro.
Por causa do indiciamento pelo crime de falsidade ideológica e, se ainda estivesse vivo e conseguisse sair do estado de coma, Christopher John Gott poderia cumprir pena de até quatro anos de prisão e ainda teria que pagar multa, conforme o Código Penal Brasileiro.
De acordo com os documentos oficiais, Christopher John Gott nasceu em 31 de maio de 1954 em Melbourne, na Austrália, e, coincidência ou não, morreu no mesmo dia e mês de seu nascimento.