David Hockney assume que a arte pode ser repleta de alegria – vibrante – com alma, e é isso o que sentimos ao contemplar a série 'Piscinas californianas' que já esteve numa retrospetiva na Tate em Londres e que agora – está entre as 400 criações de David Hockney numa também formidável retrospetiva até final de agosto em 11 enormes salas de exposição da fundação Louis Vuitton no Bois de Boulogne, em Paris.
Uma relevante notícia das últimas horas é o que nos trouxe e vai com gosto fazer voltar à arte sensorial plena de natureza que transmite energia - quase sempre solar - de David Hockney seja na pintura, no desenho na cenografia teatral ou na vasta experimentação fotgrafica que inclui colagens.
A notícia é que pela primeira vez – ao longo de todo o mês de junho – a energia solar foi a principal fonte para toda a eletricidade consumida na Europa.
22,1% de fonte solar 21,8 – de fonte nuclear.
É a primeira vez que a origem solar ultrapassa a nuclear.
Nunca o carvão tinha tido participação tão reduzida, apenas 6,9% - sendo que na Alemanha esta energia fóssil ainda atingiu 12,5%.
Estes dados são de um reconhecido grupo de estudos britânico, o Ember.
Acrescenta que para lá dos 22,1% de fonte solar, 21,8% – de fonte nuclear, 15,8% - fonte eólica, 14,4% – através do gás natural, 12,8% fonte hidroeletrica, a análise mostra que com o consumo de energia a crescer de modo contínuo, apesar de ser verão na Europa, as energias alternativas – dão a resposta.
As fósseis ainda estão com peso grande, a necessária transição energética para chegarmos à energia descarbonizada faz-se, mas lentamente e assim voltemos à grande retrospectiva David Hockney.
São 400 criações na fundação Louis Vuitton – deste colosso das artes plásticas dos seculos 20 e 21, está à beira dos 88 anos, continua a pintar todos os dias.
Quem não tem oportunidade para contemplar em Paris o que está exposto até final de agosto há um sedutor documentário da tv pública francesa.
'David Hockney en 25 oeuvres' está disponível na internet e leva-nos pelas 11 enormes salas onde estão as pinturas monumentais (ele pintou frisos com 90 metros de frente) e
também 60 retratos – a comecar pelo dele até o famoso Bigger Splash em que o pincel capta o instante exato do splash, do mergulho na piscina.
Estão também paisagens do tempo de juventude em Inglaterra – são as mais bucólicas – remetem-nos aqui e ali para Van Gogh, influência assumida (toma-lhe por ex poses e os girassóis) depois, – Los Angeles, a solar hedonista Califórnia – há cores que evocam Matisse, há ideias que levam a Picasso outra inspiração . Mas tudo parece solar mas também há a claridade lunar.
É uma das surpresas entre as 11 salas desta exposição - é a Sala da Lua: entra-se numa sala escura e fica-se rodeado por quinze paisagens noturnas criadas com um iPad na Normandia, entre 2020 e 2023. O luar ilumina o espaço.
Tudo é luminoso na arte de David Hockney.
Vale procurar o filme do italiano Luca Guadagnino a partir de Bigger Splash, um documentario de Jack Hazan ou este da tv pública francesa agora na fundação Vuitton – David Hockney.
Arte que estimula prazer.
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