Natural de Tatuí (SP), Nadine vive em Melbourne há dois anos e conta que a cidade a conquistou pela efervescência cultural. “Eu me apaixonei pelas oportunidades daqui e pela natureza australiana, que tem tudo a ver com meu trabalho”, diz.
Antes de atravessar o oceano, a artista já havia explorado o Brasil e alguns países vizinhos, sempre sozinha, levando consigo tintas, agulhas e uma curiosidade quase insaciável. “Viajei por cinco anos em busca de novas experiências. Fiz muitos murais, flash tattoos em festas e também telas. Sempre quis estar perto da natureza, porque ela é o coração da minha pesquisa artística.”
O destino australiano ganhou força com o incentivo de seu cunhado, que já vivia em Melbourne. “Ele me falava o quanto a cidade era incrível. Quando cheguei, fiquei encantada e apaixonada, principalmente pela natureza australiana. Era tudo o que eu estava procurando.”
Entre agulhas e pincéis
A pintura, no entanto, não é novidade para Nadine. Desde criança, ela se dedica à comunicação visaul. “Pintar sempre foi uma paixão. Minha avó me ensinou quando eu era pequena e eu nunca mais parei”, lembra.
Mas foi em Melbourne que esse caminho ganhou novo fôlego. O encontro com a flora local, especialmente as plantas nativas australianas, abriu horizontes criativos.
“Existe uma riqueza enorme aqui. Muitas dessas plantas são medicinais, outras têm flores deslumbrantes. Isso me encantou. Como já trabalhava esse tema nas tatuagens, senti que era hora de expandir para outras mídias”, explica.
O resultado são telas grandes, algumas com mais de dois metros. “Foram três meses inteiros de estudo e produção. Entrei de cabeça nesse projeto, pesquisando as plantas e tentando traduzir sua força para a pintura.”
Waratah de Nadine Guerra: para os indígenas australianos, a flor waratah tem um profundo significado espiritual, representando conexão ancestral e recomeços.
A arte como território
Entre o tradicional e o contemporâneo, a artista encontra um espaço próprio: aquele em que sua identidade brasileira se mistura com a experiência australiana.
“Acho que minha arte é uma forma de costurar essas duas partes de mim: a menina que cresceu em Tatuí cercada de natureza e a mulher que hoje vive em Melbourne, descobrindo novas culturas e novas formas de expressão.”
Assim, Not Just Tattoos não é apenas uma exposição de estreia. É também um manifesto silencioso sobre como a arte pode atravessar fronteiras e se reinventar em cada território. “As tatuagens sempre foram minha linguagem, mas agora sinto que elas ganharam asas. Estão nas telas, estão no espaço, estão no mundo,” explica.
A mostra fica aberta até 28 de setembro no Life's too Short bar em Melbourne.
Para ouvir, clique no botão 'play' desta página.
Ouça os nossos podcasts. Escute o programa ao vivo da SBS em Português às quartas-feiras e domingos ao meio-dia. Assine a 'SBS Portuguese' no Spotify, Apple Podcasts, iHeart Podcasts, PocketCasts ou na sua plataforma de áudio favorita.