Nascida em Pirassununga, no interior de São Paulo, Nanda viveu em diferentes cidades do Brasil e também no estrangeiro, passando por Irlanda e Malta.
A conexão com a Austrália surgiu quase por acaso, no fim do ano sabático que inspirou o livro Me Encontrei na Jornada.
“Quando eu pisei aqui eu me encontrei [em 2019]. Senti que a Austrália 'me chamou'”, recorda.
Ela voltou ao país em 2023, mas a rota até alcançar estabilidade não foi linear. Um sponsor [sponsor visa: empresa ou empregador que decide patrocinar o visto de uma pessoa para que ela trabalhe legalmente no país. ] na área de marketing falhou e a incerteza abriu espaço para um caminho inesperado.
A oportunidade apareceu quando o governo anunciou mudanças no então Global Talent Visa.
Escrito entre fronteiras externas e internas, 'Me Encontrei na Jornada' tornou-se peça-chave na aprovação do visto australiano que reconheceu o talento de Nanda Fabiane.
Ela explica que, na época, advogados especializados cobravam cerca de vinte mil dólares pelo serviço. “Para mim era fora de cogitação pagar isso. Eu tinha outros investimentos a fazer, como traduzir o livro, revisar, lançar em inglês e trabalhar para que ele alcançasse as categorias de best-seller na Amazon”, lembra.
O reconhecimento internacional foi um dos elementos decisivos na aprovação.
O livro, já bem-sucedido no Brasil, alcançou seis categorias de best-seller na Amazon Austrália após o lançamento em inglês, além de novos rankings no Reino Unido.
“Eu precisava provar que não só era talento, mas talento reconhecido internacionalmente”, afirma.
Ela reuniu evidências numa candidatura extensa, descrevendo a carreira, o impacto social do livro e o trabalho com novos escritores.
Outro requisito fundamental é a indicação de uma pessoa com reputação nacional na área. No caso de Nanda, essa pessoa foi o escritor radicado na Austrália, Paul Williams.
A conexão aconteceu de forma inesperada, a partir de uma rede de contatos e mensagens enviadas a editoras e grupos de escritores.
“Ele me disse: há vinte anos eu consegui ficar na Austrália com esse mesmo visto. Eu vou te ajudar”, conta.
Segundo ela, o apoio foi essencial para cumprir o prazo apertado e estruturar a candidatura.
Apesar dos desafios, ela afirma que a dúvida nunca fez parte do processo. “Eu tenho uma crença muito firme de que Deus ama realizar nossos sonhos”, diz.
O que pesou, segundo Nanda, foram os investimentos financeiros, os prazos e o trabalho intenso para reunir todos os documentos num mês. O IELTS, necessário para o pedido, foi feito na primeira tentativa.
“Se eu não passasse, não teria tempo.”
O momento da aprovação
“Eu estava tomando café e vi o e-mail. Comecei a ler de baixo para cima e não entendi nada. Quando encontrei a palavra ‘aprovado’, engasguei com o pão. Pulei tanto que estou com dor na perna até hoje”, brinca.
Nanda dedica o visto às pessoas que colaboraram comprando o livro ou escrevendo avaliações. “Uma pequena atitude muda o destino de uma pessoa.
"Quem comprou meu livro me ajudou a conseguir o visto”, afirma. Com a residência permanente, ela avança agora na escrita do segundo livro, prepara um círculo de mulheres voltado a quem viveu relações abusivas e desenvolve um novo projecto literário dedicado apenas a histórias de superação.
Para quem deseja acompanhar seu trabalho, Nanda mantém presença ativa nas redes sociais. O perfil @a.jornanda reúne links para os livros, consultorias e conteúdos sobre escrita, viagem e storytelling.
Global Talent e National Innovation visa
O visto que a Nanda recebeu era conhecido como Global Talent Visa, mas o governo australiano actualizou o programa e ele agora se chama National Innovation Visa.
É o mesmo visto, com o mesmo propósito: reconhecer talento excepcional em áreas como artes, tecnologia, ciência ou desporto. O que muda é apenas o nome e a forma como o governo apresenta o programa dentro da política de inovação do país.
O processo continua exigindo uma candidatura forte, uma indicação de alguém com reputação nacional e um convite formal após a Expression of Interest.
Residência Permanente
Ao receber o visto National Innovation, a pessoa recebe residência permanente desde o primeiro dia, algo raro entre os vistos australianos.
O National Innovation Visa oferece residência permanente imediata e liberdade profissional total.
Quem recebe pode trabalhar em qualquer área, abrir empresa, empreender ou seguir carreira criativa sem depender de um empregador patrocinador.
O visto também dá acesso ao Medicare, permite incluir a família no mesmo processo e conta para o tempo necessário à cidadania australiana.
Além disso, funciona como uma validação oficial de talento excepcional, o que pode abrir portas para projectos, parcerias e novas oportunidades no país.
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