Djonga: 'Show fora do Brasil é pra matar a saudade do brasileiro que tá na correria'

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Djonga, em conversa com a SBS: "Quando a gente faz show fora, vem com a ideia de que a galera brasilera é que vem abraçar a gente. Uma coisa de matar a saudade de quem tá na correria, no trabalho, de se sentir um pouco em casa".

Um dos maiores rappers brasileiros do momento, Djonga conversou com a SBS em meio aos dois shows que fez na Austrália. Ele falou sobre como sua arte se encontra com a questão da negritude, da importância de mostrar aos jovens negros que eles também podem um dia chegar lá, apesar das dificuldades, e de sua parceria com Milton Nascimento, que lhe rendeu indicações ao Grammy Latino.


2025 parece ter sido um grande ano para Djonga, um dos maiores rappers brasileiros da atualidade. São seis milhões de ouvintes no Spotify, um álbum novo sucesso de público e de crítica chamado "Quanto mais eu como, mais fome eu sinto", que inclui gravação com seu ídolo Milton Nascimento, cuja empresa o co-empresaria. O álbum lhe rendeu duas indicações para o Grammy Latino 2025, além de vários shows no Brasil e no exterior.
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Djonga, durante uma de suas apresentações na Austrália.
Pois o ano para Djonga foi coroado com uma pequena turnê na Austrália em dezembro, com um show em Gold Coast e outro em Sydney - este último, no qual abriu espaço em sua agenda para receber as equipes da SBS World News, o noticiário da tevê, e também da SBS em Português, para uma conversa no Cooge Bay Hotel no dia de sua apresentação na cidade.
Como artista preto, é difícil não trazer (o protesto) pra arte e pro dia-a-dia. Tem música que eu falo de p...ria, de amor, e em todas isso aparece. Não é só um cara falando de amor, é um preto falando de amor. A gente traz as coisas que passam por esses atravessamentos.
Djonga.
Muito à vontade e esbanjando uma alegria espontânea sob o calor acima dos 30 graus, Djonga passou longe do estereótipo do rapper marrento. Era ali um sujeito simples, feliz de estar entre amigos antigos de seu estafe e com os novos que fez na Austrália. E ele mesmo ressalta este lado na entrevista, ao dizer que não consegue não ser ele mesmo o tempo todo, o homem negro conectado com seus amigos e familiares, e com a periferia, com Belo Horizonte.
Não podemos ser desonestos com o processo histórico e com quem tanto lutou pra gente estar aqui hoje. Se eu falar que está pior, seria loucura. É um processo de luta, ninguém deu isso pra gente. Muita coisa melhorou, muita coisa permanece e tem coisa que piora. Com a internet, muita gente fala coisas (racistas) sem serem punidas que antes guardavam pra elas. E tem a questão financeira. Quando você olha para o nosso país, a maioria das pessoas pobres são pretas.
Djonga.
Nesta conversa com a SBS, Djonga conta gostar de se apresentar para os brasileiros expatriados que procuram em seu show um pouco de conexão com o antigo país. E também diz que é impossível não falar de política e dos dramas sociais. Mesmo quando ele fala sobre amor, é um homem negro falando sobre o amor, e isso faz toda a diferença.


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