O que se sabe sobre as mortes das irmãs sauditas encontradas em Sydney?

Saudi sisters found dead in Sydney.PNG

'Apesar de extensas investigações, os detetives não conseguiram determinar como as mulheres morreram', disse comunicado da polícia

Novas informações sobre as duas irmãs sauditas que foram encontradas mortas no apartamento em que moravam em Sydney. Elas estavam com medo após terem seu visto de proteção negado e achavam que um investigador particular estava seguindo seus passos.


Key Points
  • Asra e Amaal acreditavam que estavam sendo seguidas por um detetive particular
  • Corpos foram descobertos em processo de decomposição
  • Elas foram encontradas em um apartamento em Canterbury, em quartos separados
  • Polícia fez apelos por informações em árabe para resolver o mistério
Asra Abdullah Alsehli, de 24 anos, e Amaal, 23, se mudaram da Arábia Saudita para a Austrália em 2017 com AU$ 5mil no bolso para começar a vida em Sydney.

Cinco anos depois e sob circunstâncias misteriosas, seus corpos foram descobertos em dois quartos separados no último dia 7 de junho.

A polícia acredita que as duas foram mortas um mês antes dos corpos serem descobertos. A demora em descobrir os corpos gerou revolta na comunidade local.
NSW Police have appealed to the public for information on Amaal (left) and Asra Abdullah Alsehli (right) as mystery continues to shroud their deaths.
NSW Police have appealed to the public for information on Amaal (left) and Asra Abdullah Alsehli (right) as mystery continues to shroud their deaths. Source: AAP
Segundo a imprensa australiana, uma pessoa ligada às duas irmãs disse que as duas achavam que estavam sendo seguidas por um investigador particular.

Elas também estavam com medo após terem seu pedido de visto de proteção (866), na Austrália, rejeitado.

De acordo com uma fonte que sabia do pedido de asilo, uma irmã solícitou o visto alegando ser lésbica e a outra alegando ser ateia, o que impossibilitaria as duas de voltarem para a Arábia Saudita.

Também há uma alegação de que uma das irmãs estava escapando de um casamento forçado.
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Amaal Asra Abdullah Alsehli, de 23 anos, a mais nova das duas irmãs
O visto de proteção 866 é para pessoas que chegam à Austrália com um visto válido e depois solicitam asilo com base no fato que suas vidas correm risco caso tenham que voltar para o país de origem.

Na semana passada, o jornal The Guardian informou que, as irmãs participaram de um evento gay só para mulheres em janeiro desse ano, onde falaram a algumas mulheres que as lésbicas na Arábia Saudita vivem com medo.

 A ABC também revelou que "colares com crucifixos" foram encontrados no apartamento onde elas viviam, e que os vizinhos notaram um homem que não morava no prédio vagando pelo saguão do andar onde as irmãs viviam.
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Asra tinha 24 anos: a polícia descobriu os corpos das irmãs após visita para saber se estavam bem.
As mortes suspeitas e inexplicáveis das duas irmãs também deixaram a comunidade local com medo e exigindo mais respostas da polícia.

Saffaa ajuda as mulheres sauditas que vieram para a Austrália como requerentes de asilo a se estabelecerem aqui depois de coseguirem fugir da Arábia Saudita.

Ela é uma cidadã saudita de 45 anos e se considera uma mãe para a comunidade de requerentes de asilo composta principalmente por mulheres sauditas em Sydney.
Saffaa at a computer (Supplied).png
Saffaa diz que ninguém na sua comunidade acredita que Asra e Amaal tiraram suas próprias vidas.
“Tento alcançar o maior número de mulheres sauditas que vieram fugias para a Austrália e colocá-las em contato com organizações e indivíduos que possam ajudar."

As mortes de Asra e Amaal tiveram grande impacto em Saffaa.

Ela diz questionar até hoje como os corpos demoram mais de um mês para serem descobertos pela polícia, que os descobriu durante uma visita protocolcar para checar seu bem estar., chamada de 'welfare check' pela polícia local.

“O fato de não terem ninguém em quem confiar é realmente angustiante para mim, porque você não vive em um país ou em uma cidade há cinco anos, sem ter uma pessoa, uma pessoa em quem possa confiar. Cinco anos é muito tempo, e tempo suficiente para ter uma comunidade atrás de você, ter um sistema de apoio, ter amigos, ter pessoas que se preocupariam com você se desaparecerem por dois dias. Essas mulheres desapareceram por um mês e provavelmente mais.”
Saffaa tem conversado com vários membros da comunidade feminina de refugiados sauditas desde as mortes e diz que há um sentimento inquietante e de medo na sua comunidade.

"Eu entendo que as investigações levam tempo, mas estamos todos sentados aqui esperando um relatório toxicológico conclusivo, e enquanto isso estamos preocupados, com medo, nos sentindo inseguros.”
Em um comunicado, a polícia de NSW disse que agradece a ajuda da comunidade e é por isso que lançou um apelo ao público por mais informações.

 Com a polícia agora tratando as mortes como suspeitas (a polícia cogitou duplo suicídio no início das investigações) a comunidade saudita em Sydney ainda espera por respostas.

Saffaa diz que ninguém na sua comunidade acredita que Asra e Amaal tiraram suas próprias vidas.

"Eu não acho que foi suicídio. Você não morre de suicídio em quartos separados com sua irmã. Você não gostaria de estar em suas horas e minutos finais com sua irmã e no mesmo quarto? É tudo muito suspeito. Ninguém na minha comunidade acredita que foi suicídio e é muito angustiante para todos nós."

Não está claro que rota as irmãs Alsehli tomaram para chegar à Austrália, ou quais as circunstâncias que as levaram a fugir da Arábia Saudita.

O apartamento onde as elas viviviam e onde seus corpos foram entrados voltou ao mercado de imóveis e o aluguel está listado em AU$540. No apartamento, um novo piso foi colocado nos quartos.

As investigações continuam.

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