Key Points
- O número de eleitores brasileiros no exterior aptos a votar para presidente aumentou 39%
- Lisboa é o maior colégio eleitoral fora do Brasil seguida de Miami e Boston nos Estados Unidos, Nagoia, no Japão e Londres, na Inglaterra
- Na Austrália 15,390 eleitores estão aptos a votar.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, o número de brasileiros no exterior aptos a votar bateu um novo recorde: 39,21% maior que o da última eleição geral, em 2018, quando 520 mil brasileiros expatriados participaram do processo.
No Brasil, 156 milhões de eleitores estão aptos a votar — um recorde nacional. São 9 milhões de eleitores a mais do que em 2018 — um aumento de 6%.
Os resultados das eleições do Brasil na Austrália sempre chamam muito a atenção dos brasileiros no Brasil e no mundo, pois quando os resultados na Austrália são divulgados, os brasileiros estão acordando e se preparando para ir às urnas.
Mas há uma dicotomia entre o voto do brasileiro no exterior, que tende a ser mais conservador, e o voto do brasileiro que vive no Brasil.

Quando os resultados das eleições presidenciais na Austrália são divulgados os brasileiros estão acordando e se preparando para ir às urnas Credit: Gustavo Minas/Getty Images
Apesar de em 2018 o resultado na Austrália confirmar a vitória do candidato Jair Bolsonaro no Brasil, historicamente o resultado da votação na Austrália não reflete o resultado das eleições presidenciais no Brasil.
Nas eleições de 2014 por exemplo, o então candidato à presidência da república Aécio Neves obteve 80,4% dos votos válidos e Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, obteve 19,6% dos votos válidos.
Em 2018, Jair Bolsonaro (PSL) foi o candidato com o maior número de votos no primeiro turno, seguido de Ciro Gomes. João Amôedo ficou em terceiro e Fernando Haddad (PT) figurou em quarto lugar nos boletins de urna australianos. No segundo turno, a preferência por Bolsonaro permaneceu.

Em 2018 Haddad ficou em quarto nos boletins de urna australianos, Ciro em segundo. No segundo turno, a preferência por Bolsonaro permaneceu. Source: Getty
“No Brasil, a classe média alta é historicamente mais conservadora. Foi a classe média alta que apoiu o golpe militar de 1964, e que tomou as ruas para apoiar a marcha pela família e propriedade.
“Essa foi a classe que foi às ruas apoiar um governo militar. Mas ninguém esperava que teríamos um ditadura de 21 anos e um AI5. Muitos hoje na Austrália são descendetnes dessa geração Deus, Pátria e Família,” analisa.

Flavia Bellieni Zimmermann cientista política na Universidade de Western Australia fala sobre as eleições no Brasil
“São pessoas que estavam traumatizadas com a violência nas ruas, com os problemas sociais no Brasil e vêem o Bolsonaro como uma resposta a esses problemas. Mas eles não viram ou viveram o desenrolar o governo Bolsonaro particularmente durante a pandemia."
Flavia acredita que os resultados na Austrália, e em outros países do exterior, se verterem para a direita em 2022, podem reforçar a retórica bolsonarista de questionar o resultado das eleições. “Eu acho que eles podem usar isso como um instrumento para desestabilizar os resultados do Brasil,” diz.

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, está investigando empresários que teriam conspirado em um grupo de whatsapp sobre um golpe de Estado caso Lula vença as eleições Source: AP / Eraldo Peres/AP
“Colocando 'de lado' esses problemas sérios de corrupção, um possível governo Lula se alinha melhor com um governo Albanese na Austrália, que respeita instituições democráticas e é muito mais interessado no intercâmbio de pessoas.
Já um possivel governo Bolsonaro reeleito representa um questionamento de todas as instituições democráticas o que é um grande problema para as relações diplomáticas entre os dois países. Flavia também lembra a neutralidade de Bolsonaro em relação à Rússia.

Bolsonaro esteve na Rússia em fevereiro, poucos dias da invasão à Ucrânia, quando disse ser “solidário à Rússia”. Hoje mantém uma postura mais neutra. Source: AFP / MIKHAIL KLIMENTYEV/Sputnik/AFP via Getty Images
Valmor Gomes Morais, ex-cônsul honorário do Brasil em Queensland, concorda que o perfil do brasileiro na Austrália é um perfil demográfico de maior poder aquisitivo.
“Até para entrar na Austrália o brasileiro precisa apresentar uma comprovação de renda relativamente alta.”
“Nós brasileiros que estamos a 14 mil quilômetros de distância, estamos distantes da realidade do brasileiro no Brasil. Não sabemos o que é pegar ônibus lotado, o que é morte por Covid, quando mais de 700 mil pessoas morreram durante a pandemia no Brasil, isso influencia o voto e dá uma visão diferente dos brasileiros que vivem no exterior dos que vivem no Brasil.”

Estudantes brasileiros intercambistas na Tasmânia: o Brasil é o quarto país, fora da Ásia, que mais manda estudantes internacionais para a Austrália Credit: LF/SBSPortuguese
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