Nascido há 72 anos, Eduardo Souto Moura representa a terceira geração de uma grande dinastia de arquitetos portugueses.
O primeiro mestre desta chamada Escola do Porto é Fernando Távora. Continuou com outro suprem mestre, Álvaro Siza Vieira, o primeiro português Pritzker – foi distinguido em 92 com este prémio que corresponde ao Nobel para a arquitetura.
A seguir, um discípulo: Eduardo Souto Moura, Prémio Pessoa em 96 e Pritzker em 2011.
Um dado que faz pensar: Portugal, país pequeno ou médio, com elite mais pequena que média, tem no espaço de duas décadas dois arquitetos que seguem ativos e ambos distinguidos com o mais reconhecido prêmio mundial de arquitetura.
Em 2011, quando Barack Obama em Nova York entregou a Souto Moura o Pritzker daquele ano, o então presidente dos Estados Unidos estava bem informado. Falou de improviso a elogiar a obra do arquiteto português.

O museu Casa Das Histórias Paula Rego, em Cascais, uma das obras arquitetònicas de Eduardo Souto Moura. As duas imensas chaminés que formam o perfil evocam as chaminés das cozinhas do mosteiro de Alcobaça. Credit: View Pictures/Universal Images Group via Getty
Há que reconhecer que, entre o povo do futebol. há quem se queixe que a boa estética não faz o estádio ideal em conforto. É desabrigado no inverno frio e ventoso.
Nesse dia da entrega do Pritzker, pediram a Souto Moura que escolhesse um edifício favorito, E escolheu o Partenon, em Atenas, por ser um edifício isolado que constrói um território por definir o horizonte de Atenas. É uma geografia que, ao mesmo tempo, tem as pedras desenhadas ao pormenor.
Naquele dia da entrega do Pritzker, terá faltado a Obama referir a Casa das Histórias em Cascais (inauguração em 2008), espaço audaz para acolher e celebrar a arte da anglo-portuguesa Paula Rego, mestre a contarnos quadros que instou histórias de crueldade, sobretudo a sofrida por mulheres.
O arquiteto Souto Moura escolheu para celebrar Paula Rego a construção de um jogo de oscilações entre a natureza envolvente e um edificio elegante, em que as duas imensas chaminés que formam o perfil evocam as chaminés das cozinhas do mosteiro de Alcobaça.
Tanto mais em Souto Moura, do envolvimento inicial com Siza, o mestre, nos projetos de habitação social à transformação do mosteiro de Santa Maria do Bouro em hotel requintado, passando pela estação de metrô Casa de Música, no Porto, ou pela capela vaticana para a Bienal de Veneza.
É ele proprio quem define: "A arquitetura é a natureza e a natureza está feita por Deus".
Eduardo Souto Moura cultiva a arquitetura com sensibilidade, os aspetos sociais, o rigor, o envolvimento da construção com o ambiente físico e natural em que a obra está integrada. E sempre com poesia, um lirismo pessoal. É assim qus Eduardo Souto Moura, bonacheirão de óculos a cair para a ponta do nariz, acaba de ser mais uma vez distinguido, agora com o Prémio Imperial do Japão.
É um dos mais prestigiados prémios no Japão, atribuído anualmente em cinco categorias e com uma lista de laureados que inclui pintores, escultores, músicos, arquitectos, realizadores, encenadores e coreógrafos como David Hockney, Leonard Bernstein, Ingmar Bergman, Peter Brook, Arthur Miller, Pina Bausch, Louise Bourgeois, Anish Kapoor, Peter Zumthor.
Entre os distinguidos com este prémio imperial do Japão há mais dois portugueses: a pianista Maria João Pires e o arquiteto Álvaro Siza – de quem Souto Moura é discipulo.
Os outros quatro premiados deste ano são o pintor Peter Doig, a mulifacetada performativa artista servia Marina Abramovic, o pianista András Schiff e a coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker.
Houve brinde final a este prémio imperial do Japão.
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