Quem é o coreógrafo português que exibe espetáculo premiado em Perth, na Austrália?

"O que é que nós fazemos com o património, com a herança, com a memória? Como é que nós a enchemos de novo de sentido, ou até a transformamos? Nós estamos sempre a descobrir e a ressignificar-nos, a procurar a nossa identidade individual e coletiva. Portanto, muitos símbolos do que é ser português e contemporâneo, tudo isso está em construção".

Espetáculo "Carcaça", de Marco da Silva Ferreira Credit: © José Caldeira

Marco da Silva Ferreira nasceu no Norte de Portugal, em Santa Maria da Feira e, até à adolescência, praticou natação de competição. Formou-se em fisioterapia, mas viria a render-se às artes performativas. Em 2010, encantou Portugal com o seu desempenho no programa de talentos “Achas Que Sabes Dançar”, transmitido na SIC, um dos principais canais da televisão portuguesa. A prestação de Marco foi surpreendente e o resultado foi o melhor possível: sagrou-se vencedor do programa. Esta conquista prometia um futuro brilhante, que hoje está à vista de todos.

Nos últimos 13 anos, Marco tem trabalhado como coreógrafo e intérprete de dança contemporânea. É hoje reconhecido como um dos coreógrafos portugueses mais relevantes em Portugal. A sua mestria na arte de misturar estilos e influências tem feito com que o seu nome esteja também a dar que falar além-fronteiras.

Marco da Silva Ferreira Credit: © José Caldeira

O seu espetáculo “Carcaça” estreou em 2022 no Porto, em Portugal, e está a ser um sucesso pelo mundo. A música, o cenário e os bailarinos conquistam a atenção do espectador numa interação explosiva sobre identidade. O ritmo das suas coreografias alterna entre o pulsar da música tradicional portuguesa e a euforia das pistas de dança. Parte da banda sonora que acompanha os bailarinos em palco, acompanha também a reportagem de hoje: são apresentados excertos de “Asa Machina” e “Sangra”, duas músicas que o músico Luís Pestana concretizou, de propósito, para esta “Carcaça” de Marco Ferreira.

De acordo com o coreógrafo, a base desta peça é o footwork: “Quando eu digo footwork, é trabalho de pés, mas também trabalho de pernas, e digo que ele é a base da peça, porque, através dessa desconstrução do trabalho de pernas, nós vamos chegando a estilos que eram uma coisa e que se transformaram noutra. Por exemplo, do House para um Malhão (...). O que é que muda quando eu danço um estilo ou danço outro? É como se eu usasse o trabalho de pernas como um pretexto para olhar para a história”.

Em 2023, “Carcaça” valeu a Marco o prémio de Melhor Coreografia, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores. Agora, o artista está nomeado para o Prémio Internacional de Dança Rose 2025, a ser atribuído este ano no teatro londrino Saddler’s Wells.

“Carcaça” promete ser um espetáculo magnético e vibrante e vai estar em exibição em Perth, na Austrália, já nos próximos dias 7, 8 e 9 de fevereiro. Primeiro no Heath Ledger Theatre, depois na área de Yandilup e, por fim, em Northbridge. As três exibições acontecem no âmbito do Perth Festival, o festival cultural mais antigo da Austrália. Este evento anual reúne artistas de todo o mundo e celebra performances de música, dança, teatro, cinema, literatura e artes visuais.

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