O brasileiro morreu afogado em Newcastle, ao tentar recuperar pelo menos 54 quilos de cocaína escondida no casco do navio argentino Areti. A polícia australiana diz que ele foi abandonado quando teve problemas com o equipamento de mergulho e deixado para trás ‘para morrer’ por outros membros da quadrilha, que estão foragidos.
Uma operação anti drogas que envolve as polícias federais brasileira e australiana agora está em curso para desbaratar uma quadrilha internacional de tráfico de cocaína.
"Nessa operação já foram realizadas duas apreensões. Uma de 179 quilos de cocaína (na Indonésia) e outra de 104 quilos (na Austrália)", disse o delegado Victor Batista, da Polícia Federal Brasileira.
"Durante a investigação, foram identificados dois capixabas nessa prática criminosa, um deles era responsável por retirar as drogas do casco do navio quando teve um problema com o seu aparelho de mergulho e veio a óbito,“ disse o delegado Batista, ao Portal UOL.
“O mergulhador foi deixado para trás, abandonado, para morrer, quando viram que tinha problemas os outros membros da quadrilha fugiram. É repugnante”, confirmou Robert Critchlow, detetive superintendente da polícia australiana.
Resumo da notícia
- Mergulhador brasileiro teria sido contratado por quadrilha internacional de tráfico de drogas no Espírito Santo.
- Seu trabalho era retirar a cocaína do casco do navio argentino Areti que aportou no porto de Newcastle.
- Algo deu errado com o aparelho de mergulho e ele morreu tentando retirar a cocaína no valor de US$20 milhões (AU$28,6 milhões).
- Membros da quadrilha o teriam deixado para trás ‘para morrer’ quando viram problemas, diz polícia australiana.
- Um homem e uma mulher estão sendo procurados pela polícia australiana.
O nome e idade do brasileiro morto não serão revelados até que familiares sejam informados, disse um porta voz da Polícia de New South Wales à SBS em Português. Os policiais australianos estariam com dificuldade de entrar em contato com os familiares do homem morto.
Investigação
A polícia australiana recuperou os pacotes de cocaína embrulhados em plásticos e encontrados nas águas do Porto de Newcastle, cidade que fica a 116km ao norte de Sydney.
Na segunda-feira, 9 de maio, o mergulhador brasileiro foi encontrado ainda inconsciente, por moradores no rio Hunter, em Heron Road, Newcastle.
Apesar de paramédicos e moradores tentarem ressucitá-lo o brasileiro acabou morrendo.
A polícia de NSW está conduzindo uma extensa investigação para determinar os eventos que levaram à morte do mergulhador brasileiro.
Ele usava equipamento da marca Sharkskin australiano de alta qualidade, sugerindo que ele comprou a roupa na própria Newcastle, cidade-destino da droga.
“Todo o aparato que ele usava era sofisticado. Era um rebreather de alta qualidade, que é um equipamento de mergulho especializado usado por pessoas bem treinadas”, disse Robert Critchlow.
“Pediríamos a qualquer pessoa de lojas de mergulho que possa ter vendido equipamento semelhante para mergulhadores para entrar em contato conosco,” apelou o policial australiano.
Polícia australiana divulga fotos de dois suspeitos de envolvimento no crime
A polícia diz que duas pequenas embarcações foram vistas perto do navio argentino por volta da meia-noite de domingo, 8 de maio, um bote inflável e um Quintrex, popular barco de alumínio australiano, de cinco metros e que tinha uma faixa verde. O foco da operação agora é encontar as pessoas que estavam a borde desses barcos.
“Colocar uma remessa [de cocaína] dessa quantidade e escala é uma operação bastante complicada e eles são muito, muito profissionais”, comentou Critchlow.
A polícia está buscando ajuda do público para identificar dois outros membros da quadrilha e as duas pequenas embarcações que foram vistas perto do navio argentino.
"Uma investigação está em andamento por detetives do Esquadrão do Crime Organizado, que serão auxiliados por policiais ligados à Polícia Federal Australiana".
Imagens de Câmeras de TV de Circuito Interno foram divulgadas pela polícia australiana.
As imagens mostram um homem e uma mulher que são pessoas de interesse da polícia.
O homem é descrito como sendo de aparência sul-americana, cerca de 178 centímetros de altura e de porte atlético.
A mulher é descrita como sendo magra, com cerca de 160 centímetros de altura e com pele bronzeada com cabelos loiros ou grisalhos.
Apenas uma prisão foi feita até agora: um operador de veleiros de luxo de Queensland, James "Jimmy" Blee, foi preso por seu suposto papel nessa operação. Blee foi acusado do crime federal de importar uma grande quantidade comercial de cocaína.
As investigações para encontrar o homem e a mulher continuam.
“Qualquer pessoa com informações que possam ajudar os investigadores do Esquadrão do Crime Organizado deve entrar em contato com o Crime Stoppers,” diz a polícia.
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