Para além dos feriados religiosos, há em Portugal 4 principais feriados do Estado, assinalando outras tantas clebrações: 25 de abril – o Dia da Liberdade, celebra o fim em 1974 de 48 anos de ditadura; 5 de Outubro – é o dia da implantação da República, em 1910; 1 de Dezembro – o dia da independência, em 1640, após 60 anos em que Portugal esteve sob domínio de Castela, a atual Espanha.
E há o 10 de Junho, de múltipla celebração: é o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. As Comunidades, porque são o Portugal espalhado pelo mundo. Dia de Portugal e de Camões, pelo mesmo motivo: celebração do poeta e herói, que há 5 séculos é glória portuguesa.
Ele é, ao ter escrito Os Lusíadas, o patrono da língua portuguesa. O facto de ter escrito uma epopeia é determinante. A epopeia era o género supremo, que só algumas línguas consentiam. Com a publicação d’ Os Lusíadas e com a aclamação da obra por parte de vários poetas do círculo europeu, o português converte-se, através de Camões, numa verdadeira língua de cultura.
Sabe-se muito pouco sobre Camões. Sabe-se que morreu em 10 de Junho, o de 1580, daí – o 10 de Junho ser Dia de Portugal e de Camões. Sabe-se que seguiu nas naus portuguesas na aventura marítima da ponta mais ocidental da Europa, onde está Portugal, em direção ao Oriente, contornando África. É a epopeia de Os Lusíadas.
Sabe-se que Os Lusíadas andaram na cabeça de Camões durante muitos anos antes de terem sido escritos. E que foram escritos à mão sobre papel grosseiro com uma pena a tinta, que ia do sépia ao azul e ao preto.
Mas Camões é muito mais do que Os Lusíadas: os inultrapassáveis sonetos e cantigas que se lhe atribuem, renovando não apenas a poesia portuguesa, mas a própria língua, aproximando-a do latim, dilatando-a com novos vocábulos, refinando-lhe a sintaxe e mostrando, com o seu singular génio literário, o que era possível fazer-se com ela.
Vastos e competentes estudos têm procurado fundamentar a influência determinante de Camões na modernização da língua. O poeta do século XX, Eugénio de Andrade resumiu-a em termos eloquentes: “Foi Camões que deu à nossa língua este aprumo de vime branco, este juvenil ressoar de abelhas, esta graça súbita e felina, esta modulação de vagas sucessivas e altas, este mel corrosivo da melancolia.”
Assim Camões está no centro das celebrações do Dia de Portugal. Entre o muito que não se sabe, onde é que ele nasceu, e quando.
Lisboa, Coimbra e Porto discutem, ou discutiram, entre si, além de outras localidades, o privilégio de origem do poeta da nacionalidade. Coimbra parece levar vantagem. Ele estudou em Coimbra, isso é certo.
Quando nasceu, julga-se que em 1524 ou 1525. Daí estar agora em celebração o V Centenário do nascimento de Camões. José Augusto Cardoso Bernardes, que há 30 anos lecciona na Universidade de Coimbra a cadeira de Estudos Camonianos, preside a estas celebrações.
É ele quem enquadra: "Camões ocupa um lugar único na memória colectiva. Basta ter em conta a facilidade com que a figura do poeta vem atravessando os séculos, sobrevivendo a todas as mudanças de regime, de atitude mental e de sensibilidade. Enquanto outros heróis surgem e se extinguem no seu próprio brilho, o fulgor de Camões começa ainda em sua vida e vem até aos nossos dias".
Neste 10 de junho de 2025, as comemorações oficiais estão centradas em Lagos, perto de Sagres o extremo sul de Portugal, d onde partiram tanta das expedições marítimas de há 5 séculos, tanto para Oriente como para chegar ao Brasil, Porto Seguro.
Para além de uma cidade portuguesa, celebração sempre junto da cidade de uma comunidade portuguesa pelo mndo, e este ano a escolha é Macau.
Uma maior escritora portuguesa contemporanea, Lidia Jorge, tem o encargo de escrever e dizer o discurso do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Juntamente com o PR, Marcelo Rebelo de sousa, a celebrar o poeta nacional e as comunidades portuguesas.
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