O brasileiro na Austrália
- De acordo com o Censo 2021 são 50 mil brasileiros na Austrália. Um aumento de 200% se comprado com o Censo de 2011.
- Em especial, brasileiros escolhem dois estados para morar: Queensland e Nova Gales do Sul.
- Em Queensland, a região de Gold Coast conta com o maior número de estudantes internacionais do Brasil.
- “Em Gold Coast pode-se ouvir o português nas ruas,” diz o pesquisador Rafael Azeredo, da Universidade Griffith de Brisbane.
A Austrália é um dos principais destinos dos brasileiros no exterior. Seja para imigrar permanentemente, trabalhar, estudar ou fazer turismo, a comunidade brasileira no país teve um aumento considerável nos últimos anos.

“Gold Coast é uma das cidades onde você escuta português nas ruas, a presença brasileira é muito visível aqui, " diz Rafael. [Vista aérea de Miami Beach, em Gold Coast] Source: Moment RF / Vicki Smith/Getty Images
Apesar dos brasileiros estarem espalhados por todo o país o foco especial de Rafael foi Gold Coast, o que alguns brasileiros chamam de “Rio de Janeiro australiano”.

Rafael Azeredo chegou a viver com alguns estudantes e famílias em Gold Coast para aprofundar sua pesquisa 'Brazilians in Australia'.
A migração de estrangeiros para a Austrália neste ano fiscal provavelmente será de 350 mil, 50% maior que o previsto, segundo o tesoureiro Jim Chalmers.
O país é formado por imigrantes, são quase 2 milhões de residentes com visto temporário. Segundo Rafael, 50% chegaram há mais de 5 anos e 20% há mais de dez anos.
Os brasileiros são uma parte ainda pequena dessa fatia, mas para além dos números, a comunidade aqui tem algumas características muito próprias.
É importante entender que a comunidade brasileira da Austrália não é representativa do BrasilRafael Azeredo, autor 'Brazilians in Australia'
“A comunidade brasileira na Austrália é predominantemente branca, vem da classe média e tem os recursos financeiros ou o capital social necessário para a comprovação financeira que o governo da Austrália exige para qualquer um que quer vir estudar aqui.”
“A Austrália é conhecida como um país caro para se estudar ou para atuar como trabalhador qualificado. É importante ver que a comunidade brasileira da Austrália não é representativa do Brasil e nem de outras comunidades imigrantes brasileiras pelo mundo.”
A pesquisa de quatro anos foi iniciada em 2020. Além de análise de dados oficiais australianos e brasileiros, a pesquisa também contou com mais de 40 entrevistas e observação participante.
Rafael, que também é mais um brasileiro na Austrália, trabalha desde 2016 com imigrantes na Austrália e utiliza sua experiência profissional e pessoal para guiar sua pesquisa, que busca trazer as vozes e experiências brasileiras para um público que desconhece a realidade da comunidade.
Um dos aspectos mais interessantes da pesquisa qualitativa de Rafael, é que a imigraçao brasileira (e colombiana por exemplo) para a Austrália desafia o estereótipo do imigrante latino americano que migra para os Estados Unidos ou Europa.

Brasileiros em Nova Iorque: remessas de dinheiro do exterior para o Brasil disparam em 2022; os brasileiros nos Estados Unidos são os que mais enviam. Credit: Getty
Rafael explica que a nossa comunidade é relativamente independente – não existe muito dinheiro vindo do Brasil para manter os estudantes na Austrália como é o caso dos estudante chineses por exemplo, que recebem apoio financeiro de suas famílias na China. “Ao mesmo tempo não existe muito dinheiro saindo da Austrália para ajudar as famílias no Brasil, como é o caso do imigrante brasileiro nos Estados Unidos.
“O mesmo com os Brasileiros em Londres, muitos têm o propósito de imigrar para trabalhar e mandar dinheiro para casa e assim proporcionar uma vida melhor para a familia no Brasil,” diz Rafael.
“Segundo ele, esse perfil do brasileiro que vem para a Austrália é resultado das próprias políticas de imigração australianas que criaram filtro para que somente pessoas com um determinado perfil e as camadas mais privilegiadas consigam entrar na Austrália.”

Os estudantes brasileiros ocupam o oitavo lugar na tabela de países que mais enviam estudantes para a Austrália, depois de China, Índia, Nepal, Colombia, Vietnã e Filipinas.

Em 2019 o então ministro da Imigração, Alex Hawke, assinou o acordo de visto Work Holiday pela Austrália e Mauricio Carvalho Lyrio, Embaixador do Brasil na Austrália, assinou pelo Brasil Credit: camberra.itamaraty.gov.br
A decisão de permanecer na Austrália é predomingantemente econômica, segundo Rafael. “É uma decisão que leva em consideração as perspectivas profissionais e financeiras que o pais oferece em comparação ao Brasil,”diz.
Clima, estilo de vida, são alguns dos maiores motivadores, mas também há a questão do trabalho: a Austrália é um dos poucos paises que permite ao portador do visto que estude e trabalhe.
Em Queensland o Brasil figura em quatro lugar em número de estudantes internacionais. Perdendo apenas para China, Índia e Colômbia.
O país os estudantes brasileiros ocupam o oitavo lugar na tabela de países que mais enviam estudantes para a Austrália, depois de China, Índia, Nepal, Colombia, Vietnã e Filipinas.
Mas apesar da grande representação estudantial no país, os brasileiros estão em geral fora das universidades, lembra Rafael.

Em Queensland o Brasil figura em quatro lugar em número de estudantes internacionais. Perdendo apenas para China, Índia e Colômbia.
“Gold Coast é muito emblemático para migração brasileira na Austrália. Ninguém entende porque Gold Coast é um pólo brasileiro maior que Sydney e Melbourne
“Gold Coast é uma das cidades onde você escuta português nas ruas, a presença brasileira é muito visível em Gold Coast.
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