Eleição no Brasil desperta interesse recorde em Portugal

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A votação em Lisboa está centralizada na Faculdade de Direito: filas no primeiro turno Credit: Twitter @giumiranda

Um facto que atesta o modo intenso como em Portugal está a ser seguida esta eleição presidencial no Brasil: os três principais canais de televisão no país (a RTP, a SIC e a TVI/CNN) transmitiram em direto o último debate e têm estado a analisá-lo com os correspondentes, os enviados especiais ao Brasil e comentadores convidados em Portugal e no Brasil.


Ponto comum à generalidade dos comentários: a lástima pelas constantes desqualificações do adversário que marcaram este debate. Foi notado que os dois candidatos não se saudaram nem antes nem depois do debate em que se insultaram um ao outro, de mentiroso a delinquente, de ignorante a desequilibrado, numa sucessão de golpes baixos que não permitiram que o debate tivesse a elevação esperada numa das maiores democracias do mundo.

Foi interessante a análise à postura dos dois no platô: Bolsonaro tinha bem estudada essa estratégia sobre o uso do palco televisivo, mostrou-o no primeiro bloco do debate, sabia onde se posicionar de modo a deixar Lula atrás dele, empequenecido e em segundo plano na perspetiva. Foi notado que no segundo bloco a realização televisiva adaptou a estratégia de captação de imagem, os planos de câmara mudaram bastante de modo a colocar os candidatos em igualdade na imagem.

Também é generalizada entre os comentadores em Portugal a ideia de que este último debate nada mudou de substancial. A posição das cartas no baralho terá ficado igual, é a opinião dos comentadores.

Televisões e rádios em Portugal têm hoje programação especial com a eleição presidencial no Brasil – que aliás teve reportagens diárias em todos os canais neste último mês e meio, tanto que alguns comentadores brasileiros se tornaram figuras populares em Portugal.

São 697.084 os brasileiros que moram no exterior, pelo mundo, e que estão aptos para votar.

80 mil desses quase 700 mil estão em Portugal.

Lisboa, com 45.273 eleitores inscritos é o maior colégio eleitoral fora do Brasil.

Um total de 80.896 eleitores brasileiros estão registados para votar em Portugal.

A votação em Lisboa está centralizada na Faculdade de Direito que tem em volta o grande terreiro da cidade universitária da capital. Tendo em conta a festa que foi a jornada eleitoral do primeiro turno com bandas e até um trio elétrico ao longo dia, a polícia decidiu cortar o trânsito automóvel na zona adjacente – e só não cortou tudo porque aquele é um dos acessos ao hospital universitário de Santa Maria, o maior serviço de saúde no país.

Há cinco anos, Bolsonaro venceu em Portugal, com 64% dos votos dos então 40 mil eleitores registados. Houve nesse ano abstenção alta, 68%.

Desta vez, número de inscritos duplicou e, no primeiro turno em Lisboa, Lula, com 61%, duplicou a votação em Bolsonaro (30%).

No Porto, números semelhantes, 60/30, mas em Faro, no Algarve, a distância entre os dois encurtou muito, 49% para Lula, 41% para Bolsonaro.

Há muitos brasileiros, incluindo muita gente da criação artística que nestes últimos anos se instalou em Lisboa ou no Porto.

Oficialmente, há 220 mil brasileiros em Portugal, mas a realidade estimada aponta para cerca de 400 mil.

Da votação no primeiro turno em Lisboa, em 2 de outubro, sobra um caso: o eleitor que votou duas vezes e por isso fez anular aquela urna.

O cônsul do Brasil em Lisboa, Wladimir Waller Filho, explicou o que se passou: “Esse eleitor votou duas vezes, aproveitando-se de um momento [de lapso do mesário]; fomos imediatamente notificados e entrámos em contacto com o Tribunal Superior [Eleitoral] para as instruções sobre como proceder”.

A urna foi então “lacrada, considerada corrompida e a votação teve seguimento com urna de lona”. O cônsul explicou que os 59 votos que estavam dentro da urna tiveram de ser anulados.

Ao mesmo tempo a adida da Polícia Federal em Lisboa e o seu adjunto “também acompanharam o caso, e o eleitor que participou nesse ato foi levado a uma sala, foi feito um boletim de ocorrência, que já foi transmitido à Polícia Federal no Brasil”, adiantou ainda o diplomata brasileiro.

Wladimir Waller Filho sublinhou que “o que foi feito é caracterizado como crime eleitoral, no artigo 309.º, e no Brasil a pena é de reclusão até três anos” – ou seja, o cidadão que praticou o acto pode ir preso. Mas como se encontra no exterior, o cidadão brasileiro que praticou o ato foi libertado, “mas as notificações todas foram feitas”, explicou o cônsul-geral.

O caso leva a que haja atenção reforçada na votação deste domingo. São 80 mil os brasileiros inscritos para votar em Portugal.

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