O dia 28 de maio deste 2025 marcou os portugueses que estávamos no continente português: subitamente, às 11:33, tudo o que dependesse de energia elétrica parou, as carruagens do metropolitano, algumas a abarrotar, pararam bruscamente e quase todas nas áreas de túnel sem plataforma para saída, todos os comboios também pararam, as televisões apagaram-se tal como as rádios, toda a gente ficou sem luz, todos os equipamentos dependentes de energia elétrica deixaram de funcionar. A rede de telemóveis também ficou desativada. Os supermercados, tal como todas as lojas, tudo às escuras e sem caixas registadoras. O multibanco ATM também colapsou.
A princípio, pensou-se em avaria localizada e momentânea.
Mas uma rádio funcionava, a rádio pública, alimentada por geradores, emitia e podia ser captada nos auto-rádios e em transístores a pilhas.
A rádio anunciou que todo o país estava sem energia elétrica e não só Portugal, também a vizinha Espanha, país 5 vezes maior em território.
Os receios propagaram-se pelo boca a boca. Foi dito que se tratava de um colapso por motivo ainda desconhecido. Houve muito quem pensasse em sabotagem, ataque informático.
As horas passaram , 2, 3, 4 da tarde e tudo na mesma em apagão. Só a rádio pública, com todos os canais em emissão unificada ia mantendo a ligação entre as pessoas. As pilhas e os poucos transístores em stock em lojas cedo esgotaram.
Até que foi anunciado que a quebra do sistema resultava de uma rara sobrecarga acidental numa central elétrica espanhola. Não se sabia quanto demoraria a reparação.
Pela frente, havia a noite que levantava receios de segurança, por tudo às escuras. O governo anunciou mobilização geral da polícia e outras forças de segurança para patrulhar as ruas.
Era final de maio, os dias eram longos, luz solar até perto das 21 horas.
Agora, em dezembro, aproxima-se o dia mais curto do ano em luz solar, às 18 horas já é noite escura.
Ao fim da tarde, soube-se que algumas zonas do país, poucas, começavam a recuperar energia. O governo tinha decidido desligar o fornecimento de energia da rede internacional, e ativar centrais junto a barragens.
Começou a instalar-se a esperança.
Mas, por exemplo no bairro de Lisboa onde moro, a energia só voltou depois das 11 da noite.
Doze horas depois do brusco corte, a energia elétrica estava de volta a todo o país. Mas ninguém vai esquecer este dia.
Tanto que agora, quando a Porto Editora abriu o habitual apuramento de palavra do ano, “”reuniu 41,5% dos “milhares de votos”.
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