Retratos de Mães Imigrantes: Gravidez e Pós-Parto na Austrália e em Portugal

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Vanessa e Luís Tavares com os filhos, Amélia (7 anos) e Alberto (3 anos).

Esta entrevista faz parte de uma série que dá voz a mães imigrantes na Austrália. No episódio de hoje, conversamos com Vanessa Tavares. Vive na Austrália com o parceiro, Luís, e com os dois filhos: a Amélia, de 7 anos, e o Alberto, de 3. Vanessa teve a primeira filha na Austrália, e o segundo filho em Portugal. Neste episódio, a jovem revive as duas experiências e conta-nos, como mãe de família, qual o país com que mais se identifica e porquê.


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Na Austrália, o dia da mãe é celebrado no segundo domingo de maio. A data é comemorada este mês em vários países, incluindo o Brasil e Portugal. Este mês de maio, a SBS em português publica uma série de quatro entrevistas com mães imigrantes na Austrália. Cada uma irá contar a sua história, bem como refletir sobre diferentes aspetos subjacentes à vivência da maternidade num país estrangeiro.

No segundo episódio desta série, conversamos com Vanessa Tavares. É lisboeta e tem 35 anos. Vive na Austrália com o parceiro, Luís, e com os dois filhos: a Amélia, de 7 anos, e o Alberto, de 3. Vanessa emigrou para o outro lado do mundo em 2015, e foi aqui que teve a primeira filha. Já a meio da segunda gravidez, sentiu que estava na altura de voltar para Portugal. E voltou mesmo, ainda que por pouco tempo. Hoje está de volta à Austrália e partilha connosco como se sentiu enquanto grávida e recém-mãe, primeiro na Austrália e depois em Portugal.

Partilhamos de seguida parte desta entrevista. Para ouvir o episódio completo, clique no botão 'play' desta página.

Como foi a experiência de estares grávida aqui na Austrália, da tua primeira filha, a Amélia?
A experiência foi bastante tranquila, considerando que uma primeira gravidez vem sempre com muitos medos, preocupações e nervosismo. Na altura, como também tinha um visto de sponsor, tive que ser seguida no privado. Ainda não tinha acesso à Medicare, portanto, fui sempre acompanhada por uma obstetra e depois tive um parto num hospital privado.

No geral, senti-me sempre muito apoiada, a obstetra esteve sempre muito disponível para esclarecer todas as nossas dúvidas. (...). A experiência foi bastante boa, eu senti-me sempre muito bem acolhida. Todos os profissionais de saúde, nas ecografias, eram sempre muito humanos, cuidadosos, portanto, a experiência foi bastante boa.

E como foi no caso da gravidez do Alberto?
Com o Alberto, eu engravidei cá, mas depois nós mudámo-nos para Portugal. Já devia estar, mais ou menos, a meio da gravidez, portanto, já tinha feito os exames iniciais. Depois fomos para Portugal e fomos acompanhados numa mistura entre o sistema público e o privado, mas principalmente no sistema público.

O centro de saúde onde eu sou acompanhada em Portugal, tenho sorte de ser um centro de saúde muito bom. A minha médica de família é uma pessoa com quem eu estou muito à vontade, já conheço há muitos anos e, mesmo as enfermeiras, eram todas muito queridas.
Eu não senti que o acompanhamento fosse tão acolhedor como cá. Tens que ter sorte nos profissionais que apanhas.
Vanessa Tavares e a filha, Amélia.
Vanessa Tavares e a filha, Amélia.
As minhas ecografias não foram experiências muito boas em Portugal. Nós não queríamos saber o género do bebé, por exemplo, e como lá isso não é muito comum, o médico que nos fez a última ecografia, descaiu-se, e disse o género do bebé.

Uma das ecografias também foi muito desconfortável, apanhei uma profissional um bocadinho mais bruta. Eu acho que, em Portugal, é assim uma coisa mais mecanizada. Acho que, em Portugal, as grávidas são vistas quase como pacientes de outra patologia qualquer. És tipo uma doente e estás ali para ser tratada.
Eu acho que aqui há um cuidado maior. És tratada de uma forma mais cuidadosa, mais carinhosa, mais humana. Pelo menos, foi essa a minha experiência.
Não estamos a comprar exatamente o mesmo. Não sabemos como teria sido se tivesses sido acompanhada no público aqui, certo?
Sim, não é igual, exatamente. Mas por exemplo, eu depois acabei também por ver uma obstetra em Portugal, no sistema privado, só para também ter algum acompanhamento de uma especialista. E eu acho que as recomendações médicas são muito mais focadas em medicação. Sinto que cá é um pouco diferente. A minha obstetra cá, na minha primeira gravidez, recomendou-me logo ver uma fisioterapeuta ginecológica, enquanto que, em Portugal, isso nunca me foi recomendado.
Eu só fui procurar uma porque já tinha tido essa experiência cá, portanto, fui procurar uma fisioterapeuta especializada em mulheres e que ajuda a fazer essa preparação para o parto. Isto é um exemplo - eu acho que cá eles dão um pouco mais de apoio nesse sentido. Não são tão focados em medicar-te para lidar com sintomas, mas sim em ajudar-te a preparares o teu corpo para aquilo que vai acontecer.

Quando falas em medicar, que tipo de medicação é que te recomendaram em Portugal?
Essencialmente, vitaminas, porque andava muito exausta. Não senti que fizesse diferença nenhuma. Quando eu comecei a ver a fisioterapeuta e a fazer alguns exercícios com ela, ajudou-me a aliviar alguma tensão que eu tinha no corpo.

E relativamente ao parto, só para recapitularmos: na Austrália foi no privado e em Portugal foi no público, certo?
Sim, portanto, logo aí é uma grande diferença. Eu cá nunca experienciei o público, mas o parto da Amélia também correu super bem, foram partos muito diferentes. O parto da Amélia correu muito bem, foi um parto muito tranquilo e foi no privado. Eu adorei, a minha obstetra recomendou-me fazer um plano de parto, o que ajudou a pensar sobre como é que eu queria que o parto fosse, que coisas é que eu estava disposta a aceitar e não estava. É importante pensarmos nisto antes de estarmos numa situação em que não conseguimos tomar decisões refletidas. Eu senti que foi uma coisa muito informada e com muito apoio. Quando cheguei ao parto, também tive a sorte de ter tido um parto que correu bastante bem, foi uma coisa muito fluída.
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Vanessa Tavares e o filho, Alberto.
Tu cá tens que ligar antes de ir para o hospital e a midwife é que faz uma espécie de avaliação pelo telefone, para decidir se já podes ir para o hospital ou não. Quando entrei em trabalho parto, achava que tinha que ir logo para o hospital; a midwife esteve a falar comigo ao telefone para perceber como é que eu estava, como é que estavam as minhas contrações, e deu-me recomendações para ficar em casa, tentar descansar e só depois voltar a ligar, quando tivesse as contrações com um certo intervalo.
Aqui tive a sorte de poder ter duas pessoas comigo no parto, portanto, estava lá o meu parceiro e a minha melhor amiga.
Correu tudo muito bem. Levei epidural, consegui descansar, a minha obstetra não chegou a tempo, portanto, acabou por ser a midwife e a minha melhor amiga a fazerem o parto. Tudo correu bem. Foi uma experiência bastante boa e eu acho que foi ótimo ter tido uma primeira experiência boa, porque ajudou-me a não ficar traumatizada.

Portanto, aqui foi muito confortável e acolhedor o processo.
Sim, foi muito confortável.

E relativamente a Portugal, como é que foi a experiência?
Então, em Portugal não posso dizer a mesma coisa.

Para ouvir o episódio completo, clique no botão 'play' desta página. Caso prefira, pode também ouvir o episódio completo na sua plataforma de podcasts preferida, através do perfil da SBS Portuguese.

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