Vale a pena viver no mesmo bairro que seus conterrâneos?

Living close to community

Living close to community Source: Getty Images/Thomas Barwick

Morar próximo de quem tem a mesma origem dá muitas vantagens aos imigrantes, mas também pode dificultar o aprendizado de inglês


Entre as muitas decisões que você teve que tomar ao mudar-se para a Austrália, uma das mais importantes é onde exatamente você iria viver.

Muitos imigrantes decidem viver em um subúrbio próximo de outras pessoas de mesma origem. Faz sentido pois eles podem falar a mesma língua, receber apoio de outros que já passaram por experiência similar, e compartilhar da mesma cultura.

Mahir Momand, CEO da Regional Opportunities Australia, diz que coisas simples, como um mercado que vende produtos de seu país, pode ajudar o imigrante a se assentar melhor.

“Aqueles bairros onde você pode encontrar uma loja com coisas parecidas com o que você comprava antes... o choque cultural, nesse caso, é bem menor. Você pode vir, digamos, de partes da África, Ásia ou América Latina e vir viver em uma comunidade que é similar, portanto você vai preferir viver próximo de lojas onde pode comprar ingredientes e produtos de lá."
Grocery store
Mercados com produtos e ingredientes de sua terra ajudam muito a se fixar na Austrália. Source: Getty Images/Ariel Skelley
Grandes comunidades de imigrantes normalmente estão nas cidades. E são nelas onde você pode encontrar recursos que ajudam no assentamento, como um centro de imigrantes. 

“É bom viver em uma cidade maior onde é mais fácil encontrar organizações de apoio, para aprender inglês, para entender os muitos aspectos da vida aqui. Algumas pessoas vão querer aprender a dirigir, e é mais fácil fazer isso em cidades do que fora delas. E ajuda muito, claro, viver próximo de pessoas que falam a mesma língua."

Berivana Mohamed é uma voluntária do Australian Migrant Resource Centre em Adelaide. Ela veio para a Austrália como refugiada da Bosnia Herzegóvina em 1995.

Ela é envolvida com vários grupos diferentes, mas mantém laços fortes com a comunidade bósnia através de sua mãe.

“Minha mãe era assistente social na comunidade da ex-Iugoslávia. Ela trabalhou com todo mundo que veio de lá com status de refugiado. E mesmo quando era adolescente e tive minha experiência profissional no ensino médio, decidi ter minha experiência profissional na organização dela."

Ela diz que estar próxima da comunidade bósnia em Adelaide é positivo. Ao mesmo tempo, por isso foi mais difícil para a mãe dela aprender inglês. 

“Ela ganhou muito respeito da comunidade pelo trabalho que exercia, mas não apenas da comunidade, já que ela ajudava a todos. Qualquer um que pedisse ajuda, ela dizia sim, feliz. Mas uma coisa que realmente não foi bom para ela foi não ter aprimorado o inglês por não ter que usar o inglês para se comunicar com as pessoas."
Mothers and baby: Getty Images/FatCamera
Mothers and baby: Getty Images/FatCamera Source: Getty Images/FatCamera
Fatima Salihi vive perto de Adelaide. Ela veio da Austrália do Afeganistão com sua família em 2018.

Ela frequenta vários clubes e vai à universidade, mas também preza por manter contato com a comunidade afegã.

“Falamos a mesma língua e compartilhamos sonhos e felicidade. Entendemos a profundidade das palavras que dizemos. Então, nos sentimos conectados, nos sentimentos mais felizes e seguros. Curtimos nossos encontros. Acho que há algo benéfico, algo que traz paz de espírito."

Para os pais de Fatima, que ainda estão aprendendo inglês, ficar próximos da comunidade é muito importante.

“Se eles não se enturmam na nossa comunidade, ficam em casa sozinhos. Eles se sentem mais isolados e solitários por aqui. Eles têm contato majoritariamente com gente da nossa comunidade, vão a celebrações culturais, encontros, e se divertem muito. Preferem mais do que se encontrar com gente de outras comunidades, porque eles não entendem bem o que os outros dizem."

O apoio da comunidade é importante, mas Momand aperta para o que chama de "viver nos bolsões". 

“Dentro dos bolsões eles falam a própria língua e isso faz com que convivam menos com o restante da comunidade australiana, evitando com que falam inglês, o que tira a oportunidade de entender a cultura e normas do país que agora eles chamam de casa. E, portanto, eles vivem nesses bolsões, que não são uma boa representação do que é a Austrália como um todo."

Isso pode mesmo acontecer, mas Mohamed diz que estar próximo da comunidade de seu país é positivo para imigrantes, especialmente quando chegam, e muitos deles contribuem para a sociedade australiana.

“No começo é bom, porque é muito difícil se assentar em um país do qual não se fala a língua, a cultura é totalmente diferente, o sistema é completamente diferente. Então no início eles precisa de ajuda extra, alguém com a mesma origem, mas já há mais tempo, para que os refugiados assimilem a comunidade e contribuam de diferentes maneiras e trabalhem juntos."

Viver próximo de onde sua comunidade está nem sempre significa viver em uma grande cidade. Você pode encontrar muitas comunidades de estrangeiros em diferentes regiões da Austrália. 

“Você pode pegar como exemplo Coffs Harbour, na área de Byron Bay, New South Wales. Uma grande comunidade sikh da Índia lá chegou e se assentou. Eles são muito bem sucedidos na região. Ou você tem como exemplos outras áreas regionais de New South Wales ou Victoria. Muitos recém-chegados de mesma origem vão para as áreas regionais e encontram pessoas da mesma cultura vivendo por lá."

Ter suporte dos imigrantes da mesma comunidade é excelente, especialmente quando se chega a um novo país. Mas criar relacionamentos com outros australianos é tão importante quanto.
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