Às margens da Amazônia, palco da COP30, o Ministro Assistente para Mudança Climática e Energia, Josh Wilson, destacou a importância da cooperação internacional e o papel do Brasil na nova fase das negociações globais sobre o clima.
Em entrevista à SBS em Português, Ministro Wilson afirmou que estar “no pulmão verde do planeta” reforça o sentido de urgência e o papel de liderança do Brasil.
“Estar na Amazônia reforça a importância do trabalho que está sendo feito aqui e da liderança brasileira em promover a ação cooperativa global para combater as mudanças climáticas e garantir uma transição energética justa e eficaz”, disse.
“Pulmões verdes” e “pulmões azuis”
Wilson descreveu o clima da conferência como de “resolução, energia e otimismo cauteloso”.
Ele destacou que a Austrália busca sediar a próxima cúpula do clima, a COP31, em parceria com países do Pacífico, conectando “os pulmões verdes da Amazônia aos pulmões azuis do Pacífico”.
Acreditamos que é a coisa certa a fazer. Nossa família do Pacífico está comprometida em trazer o mundo para a nossa região, e a Austrália tem um forte interesse nacional em uma ação climática eficazJosh Wilson
A disputa pela sede é com a Turquia, e a decisão deve ser anunciada ao final da COP30.
Lições do Brasil e o papel do sul global
Wilson elogiou a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, classificando esta conferência como a “COP da implementação” — o momento de transformar promessas em ação.
“O Brasil tem mostrado grande liderança. É um importante produtor de energia renovável e um defensor de ações concretas. O presidente Lula fez um ótimo trabalho ao dizer que chegou a hora de cumprir os compromissos assumidos”, afirmou.
Segundo ele, Brasil e Austrália compartilham muito mais do que vastos territórios e biodiversidade — são também duas nações do Sul Global com rica herança indígena e grandes oportunidades em energia limpa.
“Nós dobramos a geração de energia renovável na Austrália nos últimos seis anos e faremos isso novamente até 2030. Nossa meta de reduzir as emissões em até 70% até 2035 tem gerado respeito internacional”, disse.
Conhecimento indígena e clima
Ministro Wilson destacou ainda a importância da sabedoria dos povos originários nas soluções climáticas.
“Parte da liderança do Brasil vem das suas tradições indígenas. Na Austrália, as práticas de manejo do fogo dos povos originários têm se mostrado eficazes para reduzir emissões e preservar a biodiversidade. São lições que temos orgulho em compartilhar”, observou.
Críticas à oposição e apelo à responsabilidade
Questionado sobre o debate interno do Partido Liberal Australiano, que discute abandonar a meta de emissões líquidas zero, Wilson foi enfático:
“Nada seria mais prejudicial do que essa proposta — para nossa reputação internacional, para os investimentos, para os empregos e para o meio ambiente australiano. Um em cada três lares na Austrália já possui energia solar. Eu simplesmente não entendo essa obsessão da oposição com o negacionismo climático,” declarou.
Amazônia: o coração verde do planeta
Encerrando a entrevista, Wilson refletiu sobre o simbolismo de participar da COP30 em Belém.
“A Amazônia é uma maravilha do mundo e um lembrete do que está em jogo. É um privilégio estar aqui e ver de perto a importância de continuarmos juntos na proteção do planeta.”

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