Está a nascer um projeto inédito em Portugal, entre as colinas do Alentejo.
Nos concelhos de Vila Viçosa e Alandroal, um terreno com mais de quatrocentos hectares está a ser preparado para acolher elefantes que estiveram décadas em cativeiro.
Trata-se de animais que viveram no âmbito de circos ou jardins zoológicos e que, agora, vão poder ter uma nova vida.
O projeto chama-se Pangea Elephant Sanctuary e é promovido pela organização sem fins lucrativos Pangea, com sede no Reino Unido e em Portugal.
O objetivo é simples, mas ambicioso: oferecer um lar seguro a elefantes resgatados, no qual possam viver em liberdade, explorar, socializar e redescobrir os seus instintos naturais. Sempre, claro, com supervisão veterinária e equipas especializadas.
O santuário poderá acolher até trinta elefantes, mas já tem uma primeira habitante confirmada: Kariba. Kariba nasceu no Zimbabué em mil novecentos e oitenta e cinco, mas viveu em cativeiro toda a sua vida, até agora. Foi capturada depois de um ataque de caçadores de marfim e enviada ainda jovem para um jardim zoológico na Alemanha. No início de dois mil e vinte e seis, Kariba vai mudar-se para o Alentejo. E, pela primeira vez, poderá ser simplesmente... um elefante.
A diretora-geral da Pangea, Kate Moore, explica que Portugal foi escolhido a dedo depois de um estudo europeu. O clima ameno, a topografia suave e a diversidade natural da região tornaram o Alentejo o local ideal para avançar com o projeto. Kate Moore refere, aliás, que este “É o melhor habitat possível para os elefantes caminharem e viverem com tranquilidade”.
O espaço não vai estar aberto ao público regularmente, já que a prioridade é o bem-estar dos animais. No entanto, haverá dias especiais de visita, sobretudo para a comunidade local e para todos aqueles que desejem fazer donativos para apoiar o projeto. Haverá, claro, regras rigorosas a cumprir, de forma a garantir que os animais não são prejudicados.
Além da proteção dos elefantes, o santuário terá também uma vertente científica e educativa. Com o apoio da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e da Universidade de Évora, será possível acompanhar a adaptação dos animais a esta nova vida, bem como recolher dados para investigação em conservação ambiental.
O projeto conta com o apoio das câmaras municipais de Alandroal e Vila Viçosa, e tem como embaixadora a incontornável artista plástica portuguesa, Joana Vasconcelos.
Entre os parceiros internacionais estão as fundações Born Free e Brigitte Bardot, o Olsen Animal Fund e a World Animal Protection.
O projeto vive, no fundo, do apoio de quem quer fazer a diferença: pessoas, fundações e instituições que contribuem para dar uma nova vida a estes elefantes.
Prevê-se que as obras fiquem concluídas até dezembro deste ano, para que os primeiros elefantes possam mudar-se no início de dois mil e vinte e seis. Quer isto dizer que, se tudo correr como previsto, no início do próximo ano, vamos poder dizer que Portugal tem o maior Santuário para elefantes da Europa.
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