A Turquia estava no páreo para sediar uma COP já há cinco anos.
Falando de Belém, onde está sendo realizada a COP30, o ministro das Mudanças Climáticas, Chris Bowen, confirmou que a COP31, no próximo ano, não será sediada em Adelaide, como a Austrália esperava.
Bowen disse que a decisão é de interesse da Austrália e também da cúpula.
De acordo com as regras da ONU, a COP é realizada em sistema de consenso e não voto, se a Austrália e a Turquia não chegassem a um acordo, a Alemanha assumiria a sede da organização da maior conferência sobre o clima.
A Austrália não conseguiu convencer a Turquia e assim acabou tirando o time de campo.
"Este processo funciona por consenso, e consenso significa que, se alguém se opuser à nossa candidatura, ela será encaminhada para Bonn. Isso significaria 12 meses sem liderança, sem presidente da COP, sem plano, o que seria irresponsável para o multilateralismo. E não queremos que isso aconteça," disse Bowen.
Chris Bowen afirma que o acordo prevê a realização da cúpula na cidade turística turca de Antalya, e que a presidência das negociações será atribuída à Austrália, cargo que ele próprio ocuparia.
Segundo ele, o Pacífico continuará sendo prioridade nas negociações para o evento do próximo ano.
"Uma 'pré-COP' será realizada no Pacífico, em uma ilha do Pacífico, e é um evento de angariação de fundos para o Fundo de Resiliência do Pacífico, que é tão importante para nós."
O primeiro-ministro Anthony Albanese disse à ABC que conversou com seus homólogos da Papua-Nova Guiné e de Fiji e que todos deveriam estar satisfeitos com o acordo – mas o ministro das Relações Exteriores da Papua-Nova Guiné, Justin Tkatchenko, disse à AFP que está decepcionado.
O governo australiano também sofreu críticas e foi questionado pela imprensa brasileira sobre a ausência de Anthony Albanese no evento, indo em seu lugar para negociar com o presidente turco Recip Tayyip Erdogan, o ministro Chris Bowen.
Em entrevista à SBS em Português, Josh Wilson, Ministro Assistente da Mudança Climática e Energia, disse que a abordagem da Austrália à COP 30 não foi diferente de outras COPs.
O anúncio tornou irrelevante a polêmica anterior sobre o custo de sediar uma COP em Adelaide, em torno de AU$ 2 bilhões, um valor que a líder da oposição, Sussan Ley, questionou.
"O fato de este governo sequer ter considerado gastar 2 bilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes neste exercício apenas mostra como suas prioridades estão todas erradas," disse Sussan Ley.
O premier da Austrália do Sul, Peter Malinauskus, também descartou o valor, após expressar sua decepção com o fato de o evento não ser realizado em Adelaide.
"Em relação à cifra de AU$ 2 bilhões, não tínhamos visto provas concretas disso, mas tínhamos visto indícios de números realmente muito altos que representariam uma despesa substancial."
Enquanto isso, os ativistas que viajaram ao Brasil este ano esperam que o governo federal tome medidas mais concretas para apoiar os países do Pacífico na questão das mudanças climáticas.
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