Ela nasceu em Oliveira do Hospital, região de Coimbra, mas foi na Austrália que ganhou o mundo.
Do concelho famosa pela festa do queijo Serra da Estrela aos famosos ferries da maior cidade australiana, Joana Feiteira é uma portuguesa que tem deixado sua marca por onde passa.
E essa marca tem sido cada vez mais reconhecida. Como ponto alto de uma carreira ascendente no mundo da comunicação e marketing, Joana Feiteira é hoje gerente geral de experiência do usuário e comunicações na Transdev Sydney, empresa que administra os barcos de passageiros da cidade.

Joana Feiteira.
Conversamos com Joana Feiteira, uma portuguesa cujo profissionalismo tem muito a inspirar na comunidade lusófona na Austrália.
Paixão por comunicação - e por Oliveira do Hospital
Joana sempre gostou de escrever e sonhava em ser jornalista. Mas, na hora de decidir seu futuro universitário, optou por ser mais específica na Universidade de Coimbra.
"Obviamente, como qualquer outro adolescente, eu queria mudar o mundo. Era o segundo ou terceiro ano de estudos europeus na Universidade de Coimbra . Então decidi ingressar no curso de Estudos Europeus, e ainda bem que fiz, gostei imenso, acrescentou muito valor e me fez abrir os olhos para o mundo, não só em nível europeu. "
"Depois disso, eu sempre gostei muito da parte de eventos e turismo, e eu queria fazer algo pela minha cidade. Então acabei por depois fazer um mestrado em Lazer, Patrimônio e Desenvolvimento, que mais não é do que um mestrado em Turismo. E acabei por fazer minha tese de mestrado sobre o desenvolvimento de turismo no meu concelho, Oliveira do Hospital".
Chegada na Austrália
Posteriormente, ela estudou Marketing e Turismo. Tinha uma carreira em ascensão em Portugal até que decidiu passar um tempo na Austrália. Foi em 2015, um dos primeiros anos em que os portugueses tiveram direito ao visto Work and Holiday. E nunca mais parou de crescer profissionalmente.
"Claro que quando vim para a Austrália com o Work and Holiday eu não tinha trabalho. Demorei três dias para me recuperar do jet leg, e ao quarto dia comecei a trabalhar num restaurante português aqui em Sydney. Mas obviamente meu objetivo era voltar a trabalhar na minha área."
Eu tinha um imenso medo porque achava que jamais conseguiria trabalhar na minha área, porque obviamente o inglês não é minha primeira língua. Eu achava que seria impossível, mas pronto, não existe impossíveis nesta vida.Joana Feiteira.

Joana Feiteira, em um dos barcos de passageiro de Sydney.
Muitas pessoas dizem que é sorte. Costumo dizer que a sorte dá muito trabalho. É muito gratificante quando nos esforçamos muito, mas realmente compensa.Joana Feiteira.
!"Tive que me esforçar muito ainda mais para alguém que não é nativo da língua inglesa. Hoje em dia trabalho para a Transdev Sydney Ferrie e eu sou o contacto direto para toda a parte de mídia com os principais jornais, canais de televisão. Faço também a ligação entre o escritório do ministro conosco, e toda a parte de mídia. Responsável por customer experience, eventos, social media, campanhas de marketing, website, comunicação interna. Temos quase 700 empregados, intranet, templates, apresentações, entrevistas. Tudo é de minha responsabilidade. E faço parte da equipe executiva, tudo que é decisão sobre os ferries de Sydney. Obviamente não podemos decidir tudo, o governo é o nosso cliente, são eles que mandam, mas estou envolvida em todas as decisões.
Conselho aos novatos no país
Aos jovens portugueses que estão a chegar em Down Under em busca de aqui permanecer, Joana diz que, além de se dedicar, é preciso não temer levar um não em entrevistas profissionais.
“Quando cheguei aqui, em minha mente, achava que não iria conseguir trabalhar em comunicação por causa da língua. Este foi meu maior desafio. Passado quase um ano, foi quando eu tive meu trabalho em Marketing e Comunicação, mas se perguntarem quantos currículos enviei durante aquele ano, a resposta é nenhum."
Fica já a dica, não tenham medo de levar um não, não tenham medo de concorrer a um trabalho, mesmo que não acham que não vão seguir. Tentem. Nada pior do que sofrer por algo que não conseguem ter, pura e simplesmente por não ter coragem de tentar.Joana Feiteira.
"Isso foi o que aconteceu comigo. E na primeira vez que tentei na minha área de trabalho, consegui. Não me arrependo nada daquele ano, fiz outras coisas. Foi um aprendizado muito grande, aprendi imensas coisas, geri equipa de 20 e não sei quantas pessoas, foi ótimo, deu muita bagagem. Mas mesmo assim sofri muito por achar que não conseguiria trabalhar na minha área. Tava tudo na minha cabeça. O maior inimigo estava dentro de mim.”
O destino tem mantido Joana na Austrália
Joana Feiteira é hoje também cidadã australiana e aqui pode ficar para sempre, se assim quiser, Porém, ela diz não ter vindo com este pensamento.
Ela tem ficado porque os fatos têm falado por si. Primeiro, o sucesso profissional, depois a COVID. Agora é o amor que a tem mantido por estas bandas.
"Nunca tive o objetivo de ficar na Austrália e, sinceramente, até hoje continua a não ser. Inicialmente, quando vim com o Work and Holiday visa, tinha planeado ficar cerca de dois anos, sendo que meu maior desafio na altura foi minha carreira. Sou uma pessoa que dá muito valor ao trabalho e carreira profissional. Aí chegou o COVID, os processos de cidadania demoraram mais. Então falei, ok, Joana, chegaste até aqui, tens o passaporte australiano, em termos de trabalho fui muito mais além do que aquilo que poderia imaginar, então pronto, a tua missão aqui está feita. É tempo de regressar, não sabia se para Portugal ou não. Mas aí a mais a vida trocou umas voltas e conheci meu atual namorado, então por aqui continuo. O objetivo possivelmente no próximo ano é mudar para outro país, mas é obviamente bom ter as portas abertas na Austrália e também em Portugal. E depois ver onde é que a vida me leva."