O governo federal lançou um novo plano de imigração para a Austrália.
A revisão das diretrizes de imigração do governo já era assunto comentado desde o início do mandato do atual primeiro-ministro, Anthony Albanese.
Mas foi no final do ano, em dezembro de 2023, que o plano de 10 anos foi lançado, deixando muitos imigrantes com mais dúvidas do que com respostas.
A mudança, segundo o governo, é uma tentativa de equilibrar a economia atual com a inflação de cerca de 5.4%, e um dos maiores custo de vida já registrados, além do número elevado de imigrantes chegando à Austrália, principalmente os 650 mil com vistos de estudantes.
Para responder algumas das principais dúvidas da comunidade da língua portuguesa na Austrália, a SBS em Português conversou com Claudio Garzini, agente de migração no país há mais de seis anos, e com o professor de economia Flavio Menezes, diretor do Instituto Australiano de Negócios e Economia da Universidade de Queensland.

Claudio Garzini que é agente de migração na Austrália há mais de seis anos
- Visto de estudantes – Aumento da nota de inglês exigida par cursos vocacionais de 5,5 para 6,0 no IELTS e testes equivalentes, e carta de intenções com descrição do planejamento de estudos e carreira do candidato demostrando o genuíno interesse de estudar.
- Visto de graduados (faculdade, mestrado e PhD) – redução da idade limite para obter o viso 485 após conclusão do curso de 50 para 35 anos. Aumento da nota de inglês exigida par cursos vocacionais de 6,0 para 6,5 no IELTS e testes equivalentes. Não possibilidade de retornar para visto de estudante.
- Visto de trabalho – Ainda será mediante “sponsor” (empresa financiadora do visto), mas o trabalhador não precisará ter um vínculo com a empresa por um tempo determinado, possibilitando a mudança de empregador. Um período maior de dois meses para trabalhar fora da área durante a troca de empregadores.
São mais de 108 mil pessoas em vistos e estudantes há mais de cinco anos, e 19 mil há mais de nove anos. Esses são dados que o governo pretende reduzir, já que o mesmo não quer que o visto de estudante seja utilizado para “ganhar tempo”, mas sim para desenvolver uma carreira.Claudio Garzini, agente de migração na Austrália
“A Austrália tem 2,2 milhões de pessoas em visto temporários, excluindo os turistas. Tirando quem vem da Nova Zelândia, ficam 1,5 milhões nestes vistos.
A proposta é emitir 137 mil vistos para profissionais qualificados em 2024. Ou seja, 9 em cada 100 vão conseguir se qualificar para vistos de trabalho”, explica Claudio.

Flavio Menezes, que é diretor do Instituto Australiano de Negócios e Economia da Universidade de Queensland
Intenção do governo seria retornar ao número de imigrantes temporários pré-covid
Segundo o governo, o objetivo é equilibrar a economia atual, que chegou a um de seus maiores índices de inflação, de 5.4% neste ano, mas já em queda entre 4 a 3.7% conforme o Reserve Bank of Australia, o banco central do país, e com previsão de crescimento de 2.5% para 2024.
Professor Flavio explica a que a intenção do governo seria retornar ao número de imigrantes temporários pré-covid.
O que aconteceu durante o período da pandemia foi uma redução muito acentuada de mão de obra de 2020-2021, causando um déficit de produção gigantesco, onde o governo reabriu as fronteiras e apostou em incentivos para trazer os alunos de volta.
Mas o governo não contava com a chegada de quase meio milhão (cerca de 500 mil) pessoas com visto de estudantes, considerandos os que retornaram e os que chegaram.
“A imigração é necessária para a Austrália, mas o número elevado em um curto espaço de tempo gerou uma demanda de bens básicos como moradia, alimentação e estrutura que a produção não conseguiu acompanhar, gerando um desequilíbrio econômico no país”, explica Flavio.
O professor de economia ressalta que a inflação é um dos motivos, mas não o único motivador do novo plano de imigração. Preenchimento de vagas, mas especializadas e evitar abusos de trabalho em empregos de base também seriam elementos do plano.
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