Francisco Pinto Balsemão tinha 88 anos e morreu esta terça-feira. Foi primeiro-ministro entre 1981 e 1983 e fundou o PSD. No ramo dos media, fundou o jornal Expresso e a SIC. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirma que se perdeu uma das principais personalidades do país nos últimos 60 anos e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou que o Governo pretende declarar um dia de luto nacional.
Em comunicado, o grupo de comunicação que fundou e liderou, a Impresa, informa que Francisco Pinto Balsemão morreu "de causas naturais" e que "os seus últimos momentos foram acompanhados pela família".

Francisco Pinto Balsemão (centro) ao tomar posse como primeiro-ministro em Portugal em 15 de janeiro de 1981. Credit: Bettmann/Getty Images
Francisco Pinto Balsemão marca também a história de Portugal no campo da comunicação social, tendo fundado o semanário Expresso em 1973, ainda durante a ditadura, e mais tarde, em 1992, a SIC, o primeiro canal de televisão privado a surgir em Portugal.
Era também membro do Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente da República.
Francisco Pinto Balsemão nasceu a 1 de setembro de 1937, em Lisboa. Estudou Direito na Universidade de Lisboa e deu os primeiros passos como jornalista no Diário Popular durante os anos 60. O jornal Expresso surge em 1973, quando tinha 34 anos.
Numa entrevista ao Expresso, em janeiro de 2023, Pinto Balsemão dizia que continuava a considerar-se jornalista e demonstrava "orgulho" em ter o "número de 18" da Carteira Profissional.
Na política foi inicialmente deputado da Ala Liberal do Parlamento e, já depois do 25 de Abril, foi ministro Adjunto de Francisco Sá Carneiro. Ocupou o cargo de chefe de Governo após o desastre de Camarate, em dezembro de 1980.
Foi primeiro-ministro entre janeiro de 1981 e junho de 1983 e presidente do PPD/PSD entre 1980 e 1983. Depois deste periodo, regressou ao jornalismo, tendo mantido um papel ativo nas várias fases do Expresso e também da SIC, acompanhando a transição digital de ambos os projetos.
A sua última intervenção política aconteceu no último mês de setembro. Numa mensagem escrita, Balsemão declarava o seu apoio ao candidato presidencial Luís Marques Mendes, também ex-presidente do PSD.
"Portugal nunca o esquecerá"
Na reação à morte de Pinto Balsemão, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinala que Portugal perde "uma das personalidades mais marcantes dos últimos sessenta anos".
Numa nota publicada na página da presidência, o chefe de Estado destaca o papel de Pinto Balsemão como "coautor dos projetos de revisão constitucional, lei de imprensa, lei de reunião e associação e lei de liberdade religiosas", decisivo para "mudar o Portugal" entre o final dos anos 60 e o início dos anos 70.
Já depois do 25 de Abril, foi "fundador do PPD, hoje PSD", tendo sido também vice-presidente da Assembleia Constituinte.
O atual Presidente da República destaca os vários papéis desempenhados por Pinto Balsemão na política portuguesa, desde "parlamentar, governante, presidente do partido, primeiro-ministro", destacando também que foi chefe de Governo "durante a revisão constitucional que pôs termo ao Conselho da Revolução, com a transição para a Democracia plena".
Marcelo Rebelo de Sousa salienta também o papel de Francisco Pinto Balsemão na "afirmação da liberdade de expressão e de imprensa, militando contra a censura e o exame prévio, fundando o Expresso antes do 25 de Abril, criando um novo grande grupo de comunicação social".
E também já depois do 25 de Abril, ao elaborar "a primeira lei de imprensa democrática" e ao lançar a SIC, "revolucionando o que era a informação no final da ditadura e no início da Democracia". De recordar que o próprio Presidente da República foi jornalista e diretor do Expresso.
"Visionário, pioneiro, criativo, determinado, batalhador, democrata, social-democrata, europeísta e atlantista, esteve em quase todos os combates de meados dos anos sessenta até hoje", salienta Marcelo Rebelo de Sousa, concluíndo que Portugal "nunca o esquecerá".
Governo quer decretar dia de luto nacional
Também na primeira reação à morte de Pinto Balsemão, o atual primeiro-ministro, Luís Montenegro destacou o seu papel como um dos fundadores da democracia portuguesa e afirmou a sua vontade em decretar luto nacional pela morte do ex-governante.
“Nós fomos sempre muito inspirados nesse ato fundador”, declarou o primeiro-ministro aos jornalistas na noite desta terça-feira.
(Andreia Martins, Joana Raposo Santos - RTP)
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