Os incêndios que se propagaram do noroeste de Portugal ao nordeste e ao centro, do Parque Nacional do Gerês às serras da Estrela e da Gardunha, carbonizaram, em números provisórios, 220 mil hectares do território, causaram 3 mortes e levaram muitas dezenas de pessoas ao hospital.
A destruição é tremenda. Muito campo agrícola está devastado. Muito do gado pôde ser salvo, mas agora não tem pastagem.
Está a ser questionada a estratégia do comando do combate ao fogo, que foi a de proteger as pessoas, instalando para isso robustos escudos de bombeiros em volta das aldeias e vilas.
É uma estrategia que deixou arder a paisagem verde, com foco de combate nas periferias dos centros urbanos.
Muitas aldeias ficaram isoladas, sem poder comunicar.
O fogo queimou os fios da energia elétrica, por isso apagou-se a eletricidade tal como os cabos das comunicações. As chamas derrubaram os repetidores de sinal de telemóvel, que assim não foram alternativa à falta de telefone fixo.
Os relatos da resistência das populações ao fogo são de angustiar.
Muita gente em casas dispersas isoladas recusou as ordens das forças de segurança para abandonar a casa. Muitas vezes saíram os avós, ficaram filhos e netos a defender a casa da ameaça do fogo. Muitas vezes sem poderem contar com o apoio dos bombeiros que, apesar de serem muitos, 5 mil em missão ao longo de até agora 3 semanas, não chegaram para estar junto de todas as casas, sobretudo essas dispersas.
Os automóveis queimados são várias centenas, cerca de 40 estavam numa só oficina de reparações com stand de vendas.
Milhares de colmeias ficaram consumidas pelas chama, com elas perderam-se as abelhas para a produção de mel.
Em Sernacelhe, região principal da produção de castanha em Portugal, a devastação também é enorme.
O governo, em reunião extraordinária, já decidiu ajudas de emergência às pessoas que por causa do fogo perderam o modo de vida. Há quem tenha perdido tudo o que criou ao longo de décadas.
Muito da ajuda de emergência está dedicada a conseguir alimento para os animais sobreviventes.
Novas medidas devem ser anunciadas pelo primeiro-ministro no debate na quarta-feira 27 no parlamento, numa sessão em que vai ser discutida, certamente com muita contestação, a estratégia de combate aos incêndios, mas também a prevenção que falta para que o país não passe por esta devastação no futuro.
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